SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO BARRIL DE ALVA: FONTES: ”AIACO” - A COMARCA DE ARGANIL- GENI.COM - CLARINDA GOUVEIA - P. ANTÓNIO DINIS - - “ECOS DO ALVA” – U.P.B.A.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

"A povoação do Barril vai possuir uma escola modelar"

 “A Comarca de Arganil”- 7 de março de 1912



"Os srs. Joaquim Nunes dos Santos, Abílio Nunes dos Santos e Joaquim Mendes Correia de Oliveira, vão mandar edificar uma escola primária na povoação do Barril, cuja escola ficará  sendo não só a melhor do concelho, como a primeira do distrito de Coimbra.
Esta escola é destinada aos dois sexos, com habitação independente para quatro professores e com aulas separadas para 100 alunos cada.
O custo da edificação e respetivo mobiliário está orçado em 9 contos de reis, cuja importância é abonada por aqueles beneméritos cavalheiros.
O terreno em que é edificada e que mede cerca de quatro mil metros quadrados, foi também generosamente oferecido pelo sr. José Freire de Carvalho e Albuquerque.
Esta escola modelar deve estar pronta em fins de outubro, época em que os srs. Nunes dos Santos e Correia de Oliveira farão entrega dela ao Governo da República.
Ações destas registam-se. Quem assim se interessa pelo bem comum, é digno de toda a estima e merece os maiores elogios.
Conhecíamos já as nobres qualidades dos cavalheiros que acabam de dar um tão eloquente exemplo de altruísmo, mas nem por isso deixamos de nos confessar admirados de tão longe levarem o seu amor à causa sagrada da instrução. Bem hajam".
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Nota: o edifício foi inaugurado  mo dia 8 de junho de 1913

sábado, 23 de abril de 2022

“AO BAIRRISMO E À BENEMERÊNCIA DOS BARRILENSES”

 


Em julho de 2020, com a pompa da circunstância, depois de recuperado o primeiro edifício sede da Filarmónica Barrilense, foi inaugurada no Barril de Alva a Casa/ Museu, denominada “Os Barrilenses são assim”.

Em julho de 2022 está prevista a abertura deste espaço que reúne vestígios da história documentada, proporcionando aos visitantes uma “visita guiada” a tempos de outrora através de textos e imagens, além da contemplação de peças decorativas de valor estimativo cedidas pelas instituições patrocinadoras deste projeto cultural de inegável importância para a comunidade: União e Progresso do Barril de Alva e Associação Filarmónica Barrilense.

“Os Barrilenses são assim”

Esta “…aldeia ignorada, já entrava no cadastro da população de 1527 com a sua dezena de habitantes, que viveram e sofreram nos tempos de Vasco da Gama e de (Afonso de) Albuquerque…” (Dr. Alberto Martins de Carvalho), cresceu pelo empenho de bem fazer da família barrilense, com realce para uma “mão cheia” de concidadãos com disponibilidade económica acima da média - a sua benemerência, eternamente reconhecida, permitiu dotar o Barril de Alva com obras de utilidade pública que perduram no tempo…

A Casa/Museu, enquanto espaço cultural, de forma modesta e singela, pretende homenagear TODOS os barrilenses, de acordo com as suas competências e qualidades, artífices do airoso e prazenteiro território, berço de muitos de nós e enlevo de quem nele reside, ou não!

A imagem literária que melhor se adapta ao memorial da Casa/Museu, com a possibilidade de itinerância, está gravada no obelisco erguido na praça Alberto Martins de Carvalho, no Barril de Alva, pela U.P.B.A. em 25 de junho de 1965:

AO BAIRRISMO E À BENEMERÊNCIA DOS BARRILENSES

- Na verdade, “… a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer...” (Alberto Caeiro)!

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Abílio Nunes dos Santos subsidiou a construção do cemitério do Barril de Alva

Abílio Nunes dos Santos, um dos proeminentes filhos do Barril de Alva, contruiu  o cemitério em terreno oferecido por António Freire de Carvalho e Albuquerque, "senhor da Casa do Barril"



Cópia de parte da ata da sessão da Comissão Executiva da Câmara Municipal de Arganil, de 11 de março de 1920.
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DELIBERAÇÕES: “Tendo-se apresentado nesta sessão o cidadão Albano Nunes dos Santos, do Barril, declarou que fazia entrega à Câmara dum cemitério construído naquele povo por seu irmão Abílio Nunes dos Santos, em terreno de António Freire de Carvalho e Albuquerque, com a condição de que o espaço de terreno designado na planta que aqui fica arquivada, sob os números 3, 4 e 5 se considera  pertença da família Nunes dos Santos, e o designado sob os números 6 e 7 da família  Freire de Carvalho,  e ainda também  com a condição de que, se no referido povo do Barril se constituir algum dia uma freguesia, para a Junta respetiva se transfira a administração e a propriedade do mesmo cemitério.-Considerando que o estabelecimento de cemitérios é atribuição da Câmara, como se vê no número 25 do artigo 94 da Lei de 7 de agosto de 1913, mas considerando, por outro lado, que aqui se trata de cemitério já construído, sem qualquer dispêndio da mesma Câmara e que ele é necessário; considerando ainda que a aceitação do mesmo cemitério não resulta encargo, visto que as despesas de conservação ficam  bem garantidas pelas vendas das sepulturas, delibera esta Comissão:-----------------
1.º Louvar o cidadão Abílio Nunes dos Santos pelo melhoramento que dotou a sua terra natal, o qual é e continuação de outros mais,  que lhe dá direito  à gratidão do povo;--------
2.º Aceitar a doação nos termos em que foi feita salvos outros direitos de preferência , caso a Câmara na próxima sessão plenária o entenda por bem;------------
3.º Louvar o cidadão António Freire pela cedência gratuita do terreno do dito cemitério".---
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Está conforme
Arganil, secretaria da Câmara Municipal, 15 de março de 1955
O Chefe da Secretaria
(ilegível)-
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Fonte: Câmara Municipal de Arganil

A benemerência de Joaquim Mendes Correia de Oliveira


Progresso da terra natal e o bem-estar da sua população foi o paradigma de ilustres barrilenses durante décadas de lideranças arrojadas e investimentos públicos, como fontanários, igreja e capelas, escola pública, ruas e caminhos, etc, etc.
Joaquim Mendes Correia de Oliveira, barrilense, pouco referenciado, é certo, mas pelo merecimento da sua generosidade justifica encómios e destaque de “primeira página”, como o Governo da República reconheceu em 1913 ao conceder-lhe um louvor, publicado no Diário do Governo n.º 57/1913, Série I de 1913-03-11.
A Junta de Freguesia do Barril de Alva, em 1924, também não deixou de lhe prestar justa homenagem ao atribuir seu nome a uma das primeiras ruas da aldeia…
Joaquim Mendes Correia de Oliveira emigrou para Belém do Pará, no Brasil, onde fez fortuna. De regresso a Portugal, construiu de raiz um soberbo palacete na sua terra natal, ainda de pé e habitável. O edifício é conhecido pela “prédio dos bonecos” pelo facto da decoração do beirado ostentar peças de estatuária.
A talhe de foice, refira-se o pormenor de ter sido, em 1911, local de pernoita do ministro do Fomento da República, Brito Camacho, de visita à região.
A benemerência do nosso conterrâneo estendeu-se à construção
- do esplendoroso edifício da escola primária do Barril de Alva, em parceria com José Freire de Carvalho e Albuquerque, Abílio Nunes dos Santos e Joaquim Nunes dos Santos;
- da antiga sede da Filarmónica Barrilense (agora, depois de recuperada acolhe um projeto cultural de inegável importância na comunidade: a Casa/Museu “OS BARRILENSES SÃO ASSIM”, frase emblemática dita vezes sem conta pelo seu filho A.I.A.C.O);
- da igreja matriz do Barril de Alva, que tem como orago S. Simão. 
Infelizmente, Joaquim Mendes Correia de Oliveira faleceu relativamente novo. 
A lista de pessoas de bem fazer, não sendo extensa pela leitura das marcas de avultadas obras, é, no entanto, enorme pelo espírito solidário de quem nasceu barrilense ou sente como sua esta mesma “pátria”. 












Honra ao mérito: a escola do Barril

(…) são altamente louváveis todos os esforços que se empreguem para derramar a luz nas trevas  da ignorância, para levar  aos pequenos cérebros o brilho cintilante da instrução, fazendo mais tarde dessas crianças  cidadãos úteis   aos seus semelhantes e aptos para honrarem a terra que os viu nascer”.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Os bonecos de João Abrantes (2)




Nos anos cinquenta, no "centro comercial" do Chiado do Barril de Alva, havia de tudo um pouco: além da venda de mercearias, tecidos, materiais de construção e outros produtos, a taberna situada nas traseiras do edifício servia petiscos e bebidas várias, com predominância de vinho a copo.
No estabelecimento funcionava o posto dos correios e a central telefónica.
No outro lado da rua o Talho Quaresma tinha as suas portas abertas, e mais acima havia outro espaço comercial com negócio multifactado, ao estilo do Chiado, propriedade da família Valentim. O patriarca da família era pessoa de muitos saberes e ocupações - além do exercício da sua profissão, era membro ativo dos corpos sociais da Filarmónica e correspondente de jornais. Junto ao seu estabelecimento, nos dias de folga, jogava-se à “malha”.
A elegante caligrafia de José Valentim pode ser apreciada nas atas das reuniões da Filarmónica Barrilense daquele tempo...
A comunidade do Barril de Alva e arredores tinha à disposição outros estabelecimentos comerciais, a saber: a taberna do “ti Zé” Candosa, a mercearia do Coelho, os serviços do barbeiro António do Vale (o regedor da terra), do tamanqueiro "ti" Albano e de um ferreiro.
… Além da indústria de madeiras, no Barril de Alva houve uma fábrica de bolos secos, propriedade de Joaquim Trindade, e duas padarias.
O nome de João Abrantes é pouco referenciado pelos escrevinhadores que me antecederam no amor à terra onde nascemos, divulgando as suas belezas e mais valias sociais. João Abrantes foi figura única na vida da comunidade por se dedicar ao fabrico de bonecos de papelão, utilizando moldes próprios. Diz a minha vizinha Maria “padeira”, antiga empregada do artista, que este mostrava enorme talento no uso das tintas com que realçava as feições dos seus bonecos.
Periodicamente, João Abrantes enviava algum do produto da sua oficina para um estabelecimento de Coimbra, mas as maiores vendas tinham como destino os Grandes Armazéns do Chiado, em Lisboa.
Outros tempos...
O "Centro Comercial do Barril" até  (?) à independência administrativa 
 (25 de Julho de 1924)