SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO BARRIL DE ALVA: FONTES: ”AIACO” - A COMARCA DE ARGANIL- GENI.COM - CLARINDA GOUVEIA - P. ANTÓNIO DINIS - - “ECOS DO ALVA” – U.P.B.A.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Urtigal à imagem da minha infância


O meu sítio, Barril de Alva, tem recantos que, fosse eu poeta, havia de imortalizar em palavras nunca somadas em verso, com ou sem rima - bastaria que, em mim, houvesse engenho e arte para transformar o belo do pensamento, impossível de publicar...
O Urtigal exerce tal fascínio que me transporta nos silêncios de quando me sinto solitário, voluntariamente abandonado
Aqui, no Urtigal, nem solidão, nem abandono - basta o rio que me remete para curtas memórias de infância.
- O rio, o "meu rio", sempre de barriga cheia nesse tempo, tinha barulhos inexplicáveis. É por isso que "pinto o caneiro" em tons  escuros. 
Possivelmente contínuo criança...
CR
*
-"terras do Alva", 18 de julho de 2012

segunda-feira, 18 de julho de 2022

"Mestre Alberto"




O instrumental dançou nas notas da partitura e foi como se um povo inteiro, a plenos pulmões, fizesse ouvir o uníssono das vozes a desenhar a frase: "Mes....tre...Alberto..." - começo de um poema a exigir mais vogais e consoantes para que exista um todo, com principio meio e fim - eis o que falta à melodia para que possa ser partilhada pelas gentes do Barril de Alva "quando a banda passar" perto das nossas emoções.
Domingo passado, no final do almoço dos 119 anos da Associação Filarmónica Barrilense, o maestro Francisco Ferreira fez da sua obra um presente à família de Alberto Bernardo Simões - alma grande da filarmónica do Barril de Alva.
A homenagem, bonita de ouvir, levou às lágrimas alguns dos presentes, como se o "Mestre Alberto" (Bernardo Simões) fizesse parte das suas vidas - e faz!
"Mes....tre...Alberto..."! (*)
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(*) Publicado   no dia 11 de novembro de 2013


quarta-feira, 13 de julho de 2022

A "Opereta" do maestro João Vinagre

Maestro João Vinagre, elementos do Grupo Cénico e filarmónicos

Em novembro de 1946, a Sociedade Filarmónica Barrilense, durante o seu 52º aniversário, homenageou o seu carismático maestro, entre 1930 a 1944, João Martins Vinagre, a quem a instituição ficou a dever momentos de exaltação artística, como adiante se relata através de excertos de uma “recordativa mensagem”, brochura ricamente ilustrada, assinada pela totalidade dos executantes da Filarmónica e elementos ativos do Grupo Cénico, que lhe foi entregue no momento da “inauguração da sua fotografia na casa do ensaio”.
Recorda-se:
Quando a nossa coletividade se encontrava deveras desorganizada e em decadência, mesmo à beira do abismo, assumiu a responsabilidade de recompor o conjunto musical…”.
“Compreendido nas suas intenções de fazer mais e melhor que no passado, depressa se insinuou, criando fama e respeito de tal forma que, em pouco tempo, apresentava em público além da música bem tocada, outras modalidades de atração e recreativas com as quais conseguiu magníficos resultados e bastos aplausos…”
“(…) Para diferenciar os programas artísticos que idealizava sem longos compassos de espera, na esperança de proporcionar ao auditório mais distrações interessantes e culturais, organizou com o encargo de ensaiar, o “Grupo Cénico” que deu algumas récitas e saraus no antigo “Cine Teatro Barrilense”, de saudosa memória, e a pedido noutras localidades circunvizinhas. Desses agradáveis espetáculos recordamos com saudade a representação de uma Revista / local, com letra e música da sua autoria, assim como outros números que causaram sucesso...”.

Revista à portuguesa” ou “Opereta
A “recordativa mensagem” é, toda ela, da redação da ideia com que se homenageia o maestro Vinagre à caligrafia, em itálico, uma vénia às suas qualidades artísticas, disponibilidade de pedagogo e espírito de sacrifício.
Agora, o destino, através de um amigo do peito, Armando Bernardo, deixou nas minhas mãos as partituras da obra, que o autor do reconhecimento público apelida de “Revista /local” – (peça de teatro, de crítica a factos, costumes e tipos conhecidos). João Vinagre, por seu turno, chamou-lhe “Opereta” - (espécie de ópera ligeira, de texto simples e feição popular).
Esta “Opereta”, depois da introdução musical, está dividida em vários quadros, cada um com o seu título: “A nossa terra”, “Fado”, “Canção das rosas, “Flores de abril”, “Serenata” e “Saudação ao Barril - tema que encerrava o espetáculo, e ainda na memória do tempo quando os barrilenses se (re) encontram com a sua Filarmónica.
Pela “voz” do saxofone, o Armando  desenrola os andamentos e encanta-me com a sonoridade das notas: umas “alegres e corridas”, outras  “suaves e intimistas”…
Diz ele, o meu amigo do peito:
- Com saúde, tempo e a indispensável ajuda de outros músicos, sou capaz de “tocar aquilo tudo”…
Faltam as letras e as vozes – mas isso também se arranja: ”os Barrilenses são assim”! - ou não fossemos herdeiros de “(…) teimosos e cabeçudos Beirões, como disse o poeta Miguel Torga, a propósito da construção do Teatro Alves Coelho, em Arganil, “erguido por teimosos e cabeçudos Beirões, da mesma maneira que antigamente se construíam as Catedrais, trazendo cada um a sua pedra”.
… Então, que comecem os ensaios da “Opereta”… ou da “Revista /local”!
CR

segunda-feira, 4 de julho de 2022

João Maria Tudela, autor da "Marcha do Barril de Alva"

A marcha "Saudação ao Barril", dizem os menos novos na idade, é a autêntica marcha do Barril de Alva - pelo menos a mais popular, é. No entanto, existe um outro tema, menos conhecido, intitulado "Marcha do Barril de Alva", com letra e música de   João Maria Tudela, músico e cantor,  famoso na época por ter interpretado vários êxitos, como a canção "Kanimambo" ("Obrigado"), com música do maestro Artur Fonseca e letra do poeta Reinaldo Ferreira.
Esta dupla de autores (com a colaboração de Vasco Matos Sequeira) deu "corpo e alma" a outro grande êxito da nossa música ligeira, intitulado "Uma Casa Portuguesa", que Tudela também interpretava com sucesso.
Na então capital de Moçambique, Lourenço Marques, a Cervejaria Coimbra era, talvez, o estabelecimento mais famoso da época, ponto de encontro obrigatório das gentes oriundas da região de Arganil. O seu proprietário, de nome António Silvestre, era natural do Barril de Alva.
...Imagine-se o "nosso" António Silvestre a comentar as belezas da terra natal junto dos clientes - Tudela, por certo, "foi provocado", "aceitou o desafio" e escreveu " A Marcha do Barril de Alva".



"Marcha do Barril de Alva
Esta marcha vai
Na rua a passar
No Barril de Alva
Toda a gente sai
Para a ouvir cantar
Cantai raparigas
Que as vossas cantigas
É que vão ganhar
Toda a gente canta
A todos espanta
Porque é popular

Tanto no Casal do Baixo
Como no Casal de Cima
Toda a gente se quer bem
E toda a gente se estima
Se alguém te quiser mal
Não tens nada que temer

Pois lá tens o regedor
Pois lá tens o regedor
Que te há de defender
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(Arquivos  A.I.C.O.)