SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO BARRIL DE ALVA: FONTES: ”AIACO” - A COMARCA DE ARGANIL- GENI.COM - CLARINDA GOUVEIA - P. ANTÓNIO DINIS - - “ECOS DO ALVA” – U.P.B.A.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Irmãos Nunes dos Santos


As comemorações do 50º aniversário dos Grandes Armazéns do Chiado, inaugurados a 19 de novembro de 1894, foram o pretexto para a União e Progresso do Barril de Alva promover uma imponente sessão solene no Grémio da Comarca de Arganil, em Lisboa, homenageando os irmãos Abílio e Joaquim Nunes dos Santos, naturais do Barril de Alva, proprietários da firma Nunes dos Santos & Cª e fundadores dos conceituados Armazéns.
Respigam-se notas sobre a efeméride em diversas publicações, mas é o jornal “A Comarca de Arganil” que importa salientar pela minúcia da reportagem, reproduzindo passagens do discurso do principal orador, que acentuou o percurso dos dois irmãos:
-“Dizem-me que foram dois rapazes de 15 anos aproximadamente, modestos, nascidos numa região quase ignorada, num povozinho escondido, entre ramos de pinheiros e oliveiras, e que fugiram da aldeia em busca da aventura.
Deixaram o sossego e a tranquilidade da sua terra (…), um seguiu para o norte, o outro para o sul. Entregaram-se nas mãos do destino que mais tarde os uniu (…).Venceram em várias etapas da carreira comercial, indo de marçanos a caixeiros, a viajantes (…), até serem verdadeiros comerciantes.
À custa de uma rara tenacidade (…), persistência e dura economia conseguiram amealhar seiscentos mil reis para conseguirem o seu primeiro triunfo: a fundação da firma Nunes dos Santos & Cª (…)
O que a maior parte dos presentes ignora são os benefícios prestados pelo sr. Abílio Nunes dos Santos à terra da sua naturalidade - Barril de Alva:
- Contribuiu com o seu irmão Joaquim Nunes dos Santos para a construção do edifício escolar, num terreno cedido pelo sr. José Freire de Carvalho e Albuquerque,
- Construiu na quase totalidade a capela de Santo Aleixo e a escadaria anexa, concluiu a construção do chafariz do largo da escola (que teria ligação a um outro, no largo José Freire de Carvalho e Albuquerque),
- Construiu o cemitério da freguesia num terreno também cedido pelo sr. José Freire de Carvalho e Albuquerque,
- Construiu um ramal que da estrada de Lourosa liga os dois povos do Casal do Meio e Casal Cimeiro,
- Comprou os postes para a linha telefónica (desde Coja),
- Comparticipou na luz elétrica e na reedificação da Igreja, e a Filarmónica Barrilense também tem recebido a sua ajuda (…).
Sobre os Grandes Armazéns do Chiado existe substancial informação, fácil de localizar, que pode ser esmiuçada pelos mais curiosos.
(ver aqui: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2012/01/grandes-armazens-do-chiado.html).
Para a família barrilense, os irmãos Abílio e Joaquim Nunes dos Santos justificam os maiores encómios - eles e alguns dos seus familiares que, de certo modo, também contribuíram para o bem estar da população da então freguesia do Barril de Alva.
Além da sua terra natal, algumas instituições do concelho de Arganil, nomeadamente o Hospital de Arganil, encontraram vezes sem conta, um ”porto de abrigo” no aconchego financeiro dos irmãos Nunes dos Santos.
Graças à sua benemerência, o progresso do Barril de Alva teve impacto no seu crescimento populacional durante duas, três décadas.
Entretanto, a União e Progresso do Barril de Alva, UPBA, sediada no concelho de Almada, aos poucos foi tomando “conta do recado”, angariando fundos de modo a acrescentar mais valias ao Brarril de Alva. A dinâmica dos sucessivos corpos sociais, associados e amigos da instituição, colocaram-na no topo do movimento regionalista da Comarca de Arganil!
A U.P.B.A. é, pois, por direito próprio, o símbolo maior do “amor pátrio” dos barrilenses à sua terra, e os irmãos Nunes dos Santos, na época,  os principais impulsionadores e obreiros de grandes obras públicas, à exceção da ponte sobre o rio Alva.
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Uma palavra de gratidão a António Inácio Alves Correia de Oliveira, A.I.A.C.O. - exemplar “construtor de pontes” entre gentes pelo amor à causa barrilense.
Sem a profícua lavra do incansável A.I.A.C.O., o silêncio sobre o passado do Barril de Alva seria “ensurdecedor”!
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