SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO BARRIL DE ALVA: FONTES: ”AIACO” - A COMARCA DE ARGANIL- GENI.COM - CLARINDA GOUVEIA - P. ANTÓNIO DINIS - - “ECOS DO ALVA” – U.P.B.A.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

O jarrinho da Suzete Pinheiro

 


No passado dia 13 de  dezembro, o programa da RTP 1 "A Nossa Tarde ", de Tânia Ribas de Oliveira, divulgou pedaços da vida dos irmãos Nunes dos Santos, antigos proprietários dos Grandes Armazéns do Chiado, como é sabido.
Também é do domínio público a importância destas duas personalidades no progresso e desenvolvimento do Barril de Alva, onde nasceram.
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A rubrica “Portugal Profundo” é um apontamento do referido programa, da responsabilidade de Tiago Goes Ferreira, que teve o cuidado de se documentar com alguns pormenores de interesse histórico para o grande público em geral, e em particular para a comunidade barrilense, como foi o caso da Suzete Pinheiro, menina do meu tempo de escola no nosso Barril de Alva
…Vai daí, a Suzete, “desencantou” lá por casa uma verdadeira relíquia de quando era adolescente, que deu à estampa numa página do Facebook!
O jarrinho (?) é uma verdadeira peça de museu - como ficava bem a decorar um espaço da Casa / Museu “Os Barrilenses São Assim”!
- Pensa nisso, Suzete…
CR

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Abílio Nunes dos Santos Júnior - pioneiro da Telefonia em Portugal





Abílio Nunes dos Santos Júnior - Filho do barrilense Abílio Nunes dos Santos nasceu em 01-01-1892 e faleceu no ano de 1970. Pioneiro da Telefonia em Portugal, foi proprietário da Estação P1AA – Rádio Lisboa
As primeiras emissões de radiodifusão, ainda que experimentais e de uma forma irregular, mas que tinham como meta a regularização, começaram a 30 de setembro de 1924.A estação ”P1AA - Rádio Lisboa” começou a transmitir programas que incluíam concertos de música clássica.
Este posto deu início às emissões regulares a 1 de março de 1925, como “P1AA-Rádio
Portugal”. Pouco depois, Abílio Nunes dos Santos Júnior iria aos Estados Unidos observar o que por lá se fazia na rádio, e para adquirir o melhor e mais recente material existente para estações de radiodifusão.




"A Nossa Tarde" - Grandes Armazéns do Chiado

"PORTUGAL FENOMENAL" - O BARRIL DE ALVA e um pouco da sua História no programa "A Nossa Tarde ", de Tânia Ribas de Oliveira.



A partir do minuto 27:34 abrace connosco uma das mais bonitas partes da história da nossa aldeia.
Um orgulho esta reportagem que ficará para memória dos verdadeiros amantes do seu torrão natal e dos muitos amigos desta terra.
- CLICAR NO LINK:
"Pensado a partir da essência da apresentadora, Tânia Ribas de Oliveira, o programa 'A Nossa Tarde' ..."

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

1941 - Notícias da Filarmónica

O 1º instrumento que serviu de base  ao ensino da (...) "música à gente do povo do Barril"

Sociedade Filarmónica Barrilense

"Regente. - A direção desta coletividade nomeou regente da “banda” o sr. Leonel Correia, digmo 2º sargento músico. (*)
Auxiliar do regente.- A direção também nomeou auxiliar do regente o sócio executante Alberto Bernardo Simões, para dar lições a aprendizes e fazer outros serviços.
Festividades abrilhantadas.- A “banda” desta coletividade abrilhantou no dia 29 de dezembro passado uma festividade no Covelo.
Festas a abrilhantar.- A “banda” está contratada para abrilhantar no dia 20 do corrente a festividade de S. Sebastião, em Folques.
Eleições.- No dia 31 de dezembro realizaram-se as eleições dos corpos gerentes desta coletividade para o ano de 1941, sendo sancionada por aclamação a seguinte lista:
Assembleia Geral - José Apolinário de Brito, presidente; José Marques vice presidente; António Simões Inácio, 1º secretário; António Pereira, 2º secretário.
Direção - António Gomes, presidente; António Silvestre de Paiva, vice presidente; José Valenim, 1º secretário; Avelino Bernardo, 2º secretário; António Nunes Fernandes, tesoureiro; António Marques Madeira e Barnabé de Jesus, vogais.
Conselho Fiscal - Alberto Bernardo Simões, Abel Bernardo Rijo e José da Costa, vogais.
Comissão auxiliar de Lisboa - União e Progresso do Barril de Alva.

Barril de Alva, 8-1-1941
A direção"
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(*) Em novembro de 1946, a Sociedade Filarmónica Barrilense, durante o seu 52º aniversário, homenageou o  carismático maestro,  João Martins Vinagre (1930 a 1944). A nomeação do 2º sargento músico Leonel Correia, tudo leva a crer,  foi pontual.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

"Chiado" - anúncio de página




O 50º aniversário da então Sociedade Filarmónica Barrilense, comemorado em novembro de 1944, teve honras de destacada reportagem na “Comarca de Arganil”. Um exemplar desta edição esteve exposto na anterior “sala/museu”, e desde o passado dia 5 do mês corrente, entre outros documentos de valor sentimental, é peça de destaque na “Sala de Memórias Bento Suzano”, implantada no amplo átrio do salão José Monteiro de Carvalho e Albuquerque, fundador do Grupo Musical da Quinta de Santo António, depois Sociedade Filarmónica Barrilense, e agora, como é sabido, Associação Filarmónica Barrilense.
A leitura do verso de uma das páginas do documento levou à descoberta de um anúncio da responsabilidade dos Grandes Armazéns do Chiado, onde se regista a grandiosidade da empresa.
Além da sede em Lisboa, os Grandes Armazéns do Chiado eram proprietários de (,,,) “casas de venda”, distribuídas por dezanove filiais, uma delas localizada no Barril de Alva, terra mãe dos fundadores, JOAQUIM NUNES DOS SANTOS (1860-1912) e ABÍLIO NUNES DOS SANTOS (1867-1946), e outra na sede do concelho, Arganil.
Por razões óbvias, apenas Barril de Alva e Arganil mereciam honra de destaque na mapa de Portugal (continental)  profundo.
… Por curiosidade, descubra as cidades onde o Chiado possuía as suas “casas de venda”.
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Em rodapé, a Sociedade Industrial de Madeiras da Beira, Lda  (Barril de Alva), anuncia que a sua serração de madeiras era movida a eletricidade...



quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Nunes dos Santos & Cª ...

 

In https://restosdecoleccao.blogspot.com/ com a devida vénia

"..." em 1888, com menos capital - apenas 600 mil Réis - os irmãos JOAQUIM NUNES DOS SANTOS (1860-1912) e ABÍLIO NUNES DOS SANTOS (1867-1946) tinham criado a firma «NUNES DOS SANTOS & Cia.», instalando-se na sobreloja do número 12 da Travessa de São Nicolau a explorar o negócio de Importação de rendas e bordados.

domingo, 30 de outubro de 2022

Estandarte da Filarmónica - hora de "ver o sol"


 O primeiro estandarte da Filarmónica, oferecido em junho de 1913 pela colónia do Barril residente em Lisboa e Margem Sul do Tejo, ontem, dia 29 de outubro de 2022  foi posto a descoberto - coisa rara    em  cem anos de vida! -  depois  de colocado na sala/museu Bento Suzano, a propósito do  aniversário da Associação Filarmónica Barrilense, a comemorar nos próximo dias  5 e 6 de novembro

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

José Custódio Gomes - político, sindicalista e autarca




Um Idealista convicto, pelo uso persistente da palavra e do gesto, pode transformar um modesto operário num líder, dos que “conquistam a sua autoridade por meio da compreensão e confiança” - (Klaus Balkenhol).
José Custódio Gomes, natural do Barril de Alva, foi um desses homens.
Tempos atrás, o meu amigo António Figueiredo (Tonecas), presidente da U.P.B.A., falou-me dele e de como levou à prática o ideal socialista, a ponto de ser reconhecido pelos seus pares como exemplo a seguir. Agora, o Tonecas, foi portador de um recorte da “Comarca de Arganil” onde AIACO, no seu “Cantinho barrilense”, de 31 de janeiro de 1970, resume a história de um dos nossos conterrâneos - político, sindicalista e autarca.
Tudo começou nos tempos da monarquia…
Dizem as palavras escritas no antigo “Século”, "Diário de Notícias" e “A Comarca de Arganil”, que "... José Custódio Gomes era irmão de António, Manuel, Albano e Adriano, todos barrilenses. Foi para Cacilhas, Almada, ainda jovem, abraçou a profissão de corticeiro, e aí constituiu família.
“Como republicano, desde 1884, e depois como socialista, foi um dos fundadores do Centro Republicano de Cacilhas e fundou a Associação dos Corticeiros. Fez parte de diversas vereações, antes e depois da proclamação da República, tendo sido também, em determinado período, administrador de concelho".
Faleceu no dia 2 Abril de 1929. O funeral foi acompanhado por mais de 500 pessoas.
A sua memória ocupa lugar de destaque na história do concelho de Almada e, porque não, na história da nossa terra…” - escreve AIACO.
José Custódio Gomes  é uma das "Figuras Ilustres” da casa/museu “OS BARRILENSES SÃO ASSIM”.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Alargamento da rua U.P.B.A. em 2013

Entre outras intervenções de inequívoca importância na vida da comunidade do Barril de Alva, o alargamento da rua União e Progresso do Barril de Alva, junto à "casa do Gens", ao Casal Cimeiro, é referência maior do desempenho das competências do último executivo da Junta de Freguesia do Barril de Alva, "...extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de  Coja para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Coja e Barril de Alva com sede em Coja" (Wikipédia).
O problema do trânsito no local levou décadas a ser resolvido. Em 2013, através do diálogo, foi possível sensibilizar a proprietária do edifício, que anuiu às pretensões do executivo da Junta de Freguesia (e da população, naturalmente...).
A obra foi executada no começo do primeiro mandato do executivo da União de Freguesias de Coja e Barril de Alva.


terça-feira, 9 de agosto de 2022

AABA: "chegou o carteiro"



Como barrilense  e  “decorador da montra” que é a Casa/Museu, onde se guardam memórias - das que se perdem no tempo se não forem preservadas em letra de forma, ou através de imagens sentimentais, de uma ou outra peça de culto, ou como personalidades de reconhecido gabarito sem as quais a minha aldeia nunca teria passado de um “sítio” sem merecimento no mapa de Portugal - decidi por conta própria divulgar o singelo espaço museológico, inaugurado no passado dia 24 de Julho, essencialmente junto de duas “famílias”: a barrilense e a comunidade AABA.
A maioria dos Autocaravanistas Amigos do Barril de Alva, permanece fiel ao gosto de viajar, embora ausente (?) da “casa mãe”. Tentar o seu regresso, ainda que esporádico, fez com que ativasse a “distribuição de correio, porta a porta”…
No topo da missão a que me proponho, não com a frequência de outros tempos e sem qualquer interferência na gestão da ASA local (da competência da União das Freguesias de Coja e Barril de Alva), “ faço de carteiro”, escrevo e envio “cartas”- cartas “amorosas”, é bom de ver, dado que o assunto é - será! – o Barril de Alva, “…no desejo de melhorar a terra onde nascemos, que é, para os nossos olhos, muito diferente das outras” - Alberto Martins de Carvalho, “irmão” barrilense, nas décadas de 20 e 30 do século passado um dos grandes vultos intelectuais de Coimbra, privando com nomes como Miguel Torga (a quem apresentou Fernando Vale), Paulo Quintela, Vitorino Nemésio, José Régio e outros.
Na verdade, aos olhos da alma, a nossa terra “é sempre a mais bonita e melhor” do que qualquer outra...
Volto a Alberto Martins de Carvalho, patrono da Biblioteca de Coja.
Em 1934, escreveu no Jornal "A Comarca de Arganil", um artigo que intitulou "Uma Terra da Beira", a propósito do desenvolvimento do Barril Alva, de onde respigo uma pequena parte:
“…porque me falta o à vontade ao escrever sobre Barril d’Alva, coisa parecida a lançar a público um autoelogio…
Salva-me em parte o facto de haver lá, como noutras povoações, um grupo de homens dedicados e voluntariosos que se deram o encargo de tornar conhecido o que há de bom, o que se faz, o que deve ainda fazer-se.
Esse “Secretariado de Propaganda Local” poupa-me o trabalho ingrato de contar – melhor seria dizer “cantar”… - as belezas e superioridade desta aldeia ribeirinha do Alva. Muito louvavelmente se vão desempenhando de tal missão e reconheço que a gratuidade dos seus esforços não é isenta de sacrifícios, de dissabores”. *
- ”Quem faz o pode, faz o que deve”, repetia vezes sem conta o mestre Fernando Vale.
… e é “isto”, o assunto desta “carta”.

-
Calbertoramos

sábado, 6 de agosto de 2022

O casamento


A imagem, além de deteriorada, não tem anotada qualquer referência que permita a sua identificação. Sabe-se que retrata um casamento no Barril de Alva, mas como os noivos estão "meio sumidos", não será por aí que os vamos “descobrir”– talvez algum dos participantes possa ser lembrado pela nossa querida conterrânea Clarinda Gouveia, mulher de muito saber no que a à comunidade barrilense diz respeito.
Esperamos que este “subsídio para a História do Barril de Alva” possa ter lugar na Casa/Museu, que se pretende dinâmico, de acordo com as suas caraterísticas…
De notar, no retrato, a presença de um tocador de concertina, sinal de festa rija!

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Casa/Museu do aconchego de memórias

Breves notas

A União e Progresso do Barril de Alva e a Sociedade Filarmónica Barrilense, em sintonia com os sentimentos de quem entende que o arquivo documental de António Inácio Alves Correia de Oliveira, AIACO, e o resultado de pesquisas posteriores sobre o passado do Barril de Alva, devem ser preservados e tornados públicos, decidiram restaurar a antiga “Casa do Ensaio” da Filarmónica e transformar o espaço num local esteticamente agradável à vista, onde o aconchego das memórias é a base da decoração.
- Visitantes sem raízes no lugar, vão conhecer “o milagre” das grandes obras realizadas no Barril de Alva num curto espaço de vinte anos…
- Os “filhos da terra” e quem, pela força do amor e paixão, se considera membro desta enorme e honrada família barrilense, irão encontrar apontamentos pouco conhecidos, mas  relevantes no progresso deste lugar, plantado na margem direita do rio Alva.

- Como escreveu em 1934 Alberto Martins de Carvalho, barrilense ilustre, que privou de perto com figuras como Miguel Torga (a quem apresentou Fernando Vale), Paulo Quintela, Vitorino Nemésio, José Régio e outros:
-“O mundo não tinha que achar mal que eu mostrasse como esta aldeia ignorada já entrava no cadastro da população de 1527 com a sua dezena de habitantes…
*
O acervo da Casa/MuseuOS BARRILENSES SÃO ASSIM” permite "viajar" ao tempo de ilustres e solidárias personalidades com “vistas largas” sobre esta “pitoresca aldeia dos arredores de Coimbra”, “…uma terra que Deus ajardinou para estância de repouso (revista “Lusitânia”, Brasil, 1930 e 1931).
O pretexto para visitar esta Casa/Museu pode estar diluído entre a curiosidade e a satisfação de conhecer “os passos” de ilustres antepassados, pelas suas qualidades e competências – talvez um familiar que integrou o primeiro grupo de filarmónicos, em 1894, um tocador de guitarra, em data anterior, alguém com ideias revolucionárias no “tempo dos Reis”; talvez um companheiro de João Brandão, um capataz da Quinta de Santo António, um tetravô moleiro no rio Alva, um ator /atriz do Grupo Cénico (no tempo do maestro João Vinagre), ou do Grupo de Teatro do Barril de Alva (no tempo do mestre Vidal), depois da revolução de Abril…

Talvez não saiba que…
- em 1721 o Barril tinha três ermidas
- em 1922 foi inaugurado o “Centro Comercial do Barril”
- em 1931 foi inaugurado o “Cine Teatro Barril de Alva”
- em 1938 a publicidade sobre o Barril de Alva, divulgada em Lisboa, referia:

VISITEM O BARRIL DE ALVA
ONDE NÃO FALTA

LUZ ELÉTRICA.
ESTAÇÃO POSTAL
CABINE TELEFÓNICA
CINE TEATRO
RECINTOS APRAZIVEIS E PITORESCOS
CONCERTOS PELA FILARMÓNICA BARRILENSE
CASA DO POVO COM ENTRTENIMENTOS
BIFURCAÇÃO DE ESTRADAS
ESPLÊNDIDOS MEIOS DE TRANSPORTE
E AS AFAMADAS ÁGUAS DO URTIGAL

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Urtigal à imagem da minha infância


O meu sítio, Barril de Alva, tem recantos que, fosse eu poeta, havia de imortalizar em palavras nunca somadas em verso, com ou sem rima - bastaria que, em mim, houvesse engenho e arte para transformar o belo do pensamento, impossível de publicar...
O Urtigal exerce tal fascínio que me transporta nos silêncios de quando me sinto solitário, voluntariamente abandonado
Aqui, no Urtigal, nem solidão, nem abandono - basta o rio que me remete para curtas memórias de infância.
- O rio, o "meu rio", sempre de barriga cheia nesse tempo, tinha barulhos inexplicáveis. É por isso que "pinto o caneiro" em tons  escuros. 
Possivelmente contínuo criança...
CR
*
-"terras do Alva", 18 de julho de 2012

segunda-feira, 18 de julho de 2022

"Mestre Alberto"




O instrumental dançou nas notas da partitura e foi como se um povo inteiro, a plenos pulmões, fizesse ouvir o uníssono das vozes a desenhar a frase: "Mes....tre...Alberto..." - começo de um poema a exigir mais vogais e consoantes para que exista um todo, com principio meio e fim - eis o que falta à melodia para que possa ser partilhada pelas gentes do Barril de Alva "quando a banda passar" perto das nossas emoções.
Domingo passado, no final do almoço dos 119 anos da Associação Filarmónica Barrilense, o maestro Francisco Ferreira fez da sua obra um presente à família de Alberto Bernardo Simões - alma grande da filarmónica do Barril de Alva.
A homenagem, bonita de ouvir, levou às lágrimas alguns dos presentes, como se o "Mestre Alberto" (Bernardo Simões) fizesse parte das suas vidas - e faz!
"Mes....tre...Alberto..."! (*)
-

(*) Publicado   no dia 11 de novembro de 2013


quarta-feira, 13 de julho de 2022

A "Opereta" do maestro João Vinagre

Maestro João Vinagre, elementos do Grupo Cénico e filarmónicos

Em novembro de 1946, a Sociedade Filarmónica Barrilense, durante o seu 52º aniversário, homenageou o seu carismático maestro, entre 1930 a 1944, João Martins Vinagre, a quem a instituição ficou a dever momentos de exaltação artística, como adiante se relata através de excertos de uma “recordativa mensagem”, brochura ricamente ilustrada, assinada pela totalidade dos executantes da Filarmónica e elementos ativos do Grupo Cénico, que lhe foi entregue no momento da “inauguração da sua fotografia na casa do ensaio”.
Recorda-se:
Quando a nossa coletividade se encontrava deveras desorganizada e em decadência, mesmo à beira do abismo, assumiu a responsabilidade de recompor o conjunto musical…”.
“Compreendido nas suas intenções de fazer mais e melhor que no passado, depressa se insinuou, criando fama e respeito de tal forma que, em pouco tempo, apresentava em público além da música bem tocada, outras modalidades de atração e recreativas com as quais conseguiu magníficos resultados e bastos aplausos…”
“(…) Para diferenciar os programas artísticos que idealizava sem longos compassos de espera, na esperança de proporcionar ao auditório mais distrações interessantes e culturais, organizou com o encargo de ensaiar, o “Grupo Cénico” que deu algumas récitas e saraus no antigo “Cine Teatro Barrilense”, de saudosa memória, e a pedido noutras localidades circunvizinhas. Desses agradáveis espetáculos recordamos com saudade a representação de uma Revista / local, com letra e música da sua autoria, assim como outros números que causaram sucesso...”.

Revista à portuguesa” ou “Opereta
A “recordativa mensagem” é, toda ela, da redação da ideia com que se homenageia o maestro Vinagre à caligrafia, em itálico, uma vénia às suas qualidades artísticas, disponibilidade de pedagogo e espírito de sacrifício.
Agora, o destino, através de um amigo do peito, Armando Bernardo, deixou nas minhas mãos as partituras da obra, que o autor do reconhecimento público apelida de “Revista /local” – (peça de teatro, de crítica a factos, costumes e tipos conhecidos). João Vinagre, por seu turno, chamou-lhe “Opereta” - (espécie de ópera ligeira, de texto simples e feição popular).
Esta “Opereta”, depois da introdução musical, está dividida em vários quadros, cada um com o seu título: “A nossa terra”, “Fado”, “Canção das rosas, “Flores de abril”, “Serenata” e “Saudação ao Barril - tema que encerrava o espetáculo, e ainda na memória do tempo quando os barrilenses se (re) encontram com a sua Filarmónica.
Pela “voz” do saxofone, o Armando  desenrola os andamentos e encanta-me com a sonoridade das notas: umas “alegres e corridas”, outras  “suaves e intimistas”…
Diz ele, o meu amigo do peito:
- Com saúde, tempo e a indispensável ajuda de outros músicos, sou capaz de “tocar aquilo tudo”…
Faltam as letras e as vozes – mas isso também se arranja: ”os Barrilenses são assim”! - ou não fossemos herdeiros de “(…) teimosos e cabeçudos Beirões, como disse o poeta Miguel Torga, a propósito da construção do Teatro Alves Coelho, em Arganil, “erguido por teimosos e cabeçudos Beirões, da mesma maneira que antigamente se construíam as Catedrais, trazendo cada um a sua pedra”.
… Então, que comecem os ensaios da “Opereta”… ou da “Revista /local”!
CR

segunda-feira, 4 de julho de 2022

João Maria Tudela, autor da "Marcha do Barril de Alva"

A marcha "Saudação ao Barril", dizem os menos novos na idade, é a autêntica marcha do Barril de Alva - pelo menos a mais popular, é. No entanto, existe um outro tema, menos conhecido, intitulado "Marcha do Barril de Alva", com letra e música de   João Maria Tudela, músico e cantor,  famoso na época por ter interpretado vários êxitos, como a canção "Kanimambo" ("Obrigado"), com música do maestro Artur Fonseca e letra do poeta Reinaldo Ferreira.
Esta dupla de autores (com a colaboração de Vasco Matos Sequeira) deu "corpo e alma" a outro grande êxito da nossa música ligeira, intitulado "Uma Casa Portuguesa", que Tudela também interpretava com sucesso.
Na então capital de Moçambique, Lourenço Marques, a Cervejaria Coimbra era, talvez, o estabelecimento mais famoso da época, ponto de encontro obrigatório das gentes oriundas da região de Arganil. O seu proprietário, de nome António Silvestre, era natural do Barril de Alva.
...Imagine-se o "nosso" António Silvestre a comentar as belezas da terra natal junto dos clientes - Tudela, por certo, "foi provocado", "aceitou o desafio" e escreveu " A Marcha do Barril de Alva".



"Marcha do Barril de Alva
Esta marcha vai
Na rua a passar
No Barril de Alva
Toda a gente sai
Para a ouvir cantar
Cantai raparigas
Que as vossas cantigas
É que vão ganhar
Toda a gente canta
A todos espanta
Porque é popular

Tanto no Casal do Baixo
Como no Casal de Cima
Toda a gente se quer bem
E toda a gente se estima
Se alguém te quiser mal
Não tens nada que temer

Pois lá tens o regedor
Pois lá tens o regedor
Que te há de defender
-
(Arquivos  A.I.C.O.)

quinta-feira, 30 de junho de 2022

"Saudação ao Barril"


 A marcha  com que  a nossa  Filarmónica   honra a terra onde nasceu, foi criada pelo  mestre  João Martins Vinagre  e intitula-se  "Saudação ao Barril". O documento  em anexo é original  e faz parte do espólio de um  antigo músico da nossa Banda.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

As capelinhas

Em 1721, no Barril, estavam de pé três ermidas: duas delas erguidas em montes sobranceiros ao rio, e a terceira bem no centro do pequeno povoado.
…Sobre a localização das ermidas em honra de Santa Maria Madalena e Santo Aleixo:
- Não guardariam elas, as ermidas, os santos da devoção dos “senhores da Casa do Barril (Quinta de Santo António),"donos de terras até ao rio”?
Lá dos altos, descansa-se o olhar sobre a paisagem e adivinham-se as sementeiras, que as águas do Alva faziam crescer… com a “ajuda dos santos protetores”!
 

- Quem ordenou a construção das duas ermidas em locais relativamente remotos, mas com vistas largas?
- Os senhores da Quinta, certamente...
O povoado, junto da ermida de S. Simão, cresceu com a Quinta de Santo António, servida por uma capelinha privada (em honra do santo padroeiro da Quinta?).
Em redor das outras duas, não muito distantes da terceira, onde se acredita ter nascido o Barril, surgiram outros polos residenciais.
O Barril de Alva é formado pelo conjunto dos três casais - em tempos idos, para que as pessoas fossem identificadas com os locais de residência, bastava anunciar o “seu casal”: 
- Cimeiro, do Meio, ou Fundeiro.

sábado, 25 de junho de 2022

Últimos "senhores da Casa do Barril"


 Figuras principais com vínculo ao Barril a partir de 1753

- Luís Marques de Sequeira, natural de Vila Cova foi capitão-mor da dita vila. Faleceu em 21 de novembro de 1757.

Foi casado com D. Maria Madeira de Sequeira, em primeiras núpcias, e a segunda vez com D. Engrácia Luísa Freire Faria Geada, natural de Folques.

...

Do segundo casamento nasceu no Barril em 21 de janeiro de 1753, (existe outra referência que aponta Vila Cova de Sub – Avô)

- Bento José Freire de Faria Geada; como seu pai, foi capitão-mor de Vila Cova e morreu em 22 de outubro de 1832. Teve brasão de armas dado por D. Maria em 8 de novembro de 1785. Foi casado com  D. Isidora Bernardo Joaquim de Abreu, natural de Paranhos, concelho de Seia.

Ambos eram herdeiros do Vínculo do Barril (Quinta de Santo António).

Quando casaram foram residir na Quinta de Santo António, deixando a sua casa de Vila Cova.

O filho,   dr. José Freire de Faria Sequeira Coelho, também foi capitão-mor de Vila Cova e morreu em 1855. Foi casado com D. Maria do Carmo de Sampaio de Albuquerque, natural de Tourais, concelho de  Seia. Após o casamento Foram residir para a casa dos seus pais na Quinta de Santo António em maio de 1831.

- D. Maria José Freire Cortês de Carvalho e Albuquerque, filha do casal, senhora do Vínculo da Quinta de Santo António, nasceu em 1822,  no Barril,  e faleceu  a 13 de Fevereiro de 1890 - em Folques. Foi casada com seu primo em segundo grau José Monteiro de Abreu Lopo, natural de Casais do Campo, São Martinho do Bispo, Coimbra. Esta senhora foi viver para Folques quando o seu filho, José Freire de Carvalho e Albuquerque, se casou e ficou a residir na Quinta de Santo António.

- José Freire de Carvalho e Albuquerque foi pessoa de prestígio no concelho de Arganil, como nobre fidalgo e pelas qualidades do seu caráter. Exerceu as funções de Presidente da Câmara do concelho em 1903. Nasceu no dia 8 de abril de 1839, e faleceu em 4 de janeiro de 1916. Foi casado com D. Maria Emília Freire de Amorim Pacheco, do Sarzedo.

Do casamento nasceram dois filhos:

- António Freire de Carvalho e Albuquerque, nasceu na Casa do Barril a 29 de dezembro de 1892, e faleceu em Lourenço Marques, Moçambique, a 7  de janeiro de 1968. Foi o último senhor da “Casa do Barril”/Quinta de Santo António. 

- José Monteiro de Carvalho e Albuquerque, nasceu na Casa do Barril a  9 de janeiro de 1867, e faleceu a 1  de outubro de 1929 na Casa  do Boiço, Oliveira do Conde.

* Foi o fundador da Filarmónica Barrilense em 1894.

* No 12 de julho de 1931 foi inaugurado o “Cine Teatro Barril de Alva”, criado e mantido por si.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Onde "nasceu" o Barril (de Alva)?

 Dois dedos de conversa...



Uma teoria, simplesmente…
A curiosidade, parceira da paciência, clicou nas teclas onde lhe pareceu existir fartura de “pescado”, que era pouco, como acontece com a diversidade das espécies piscícolas do Alva (Alba, ou Albul,), o rio que nos sacia a sede, é atração turística e fronteira de territórios.
No entender de alguma lógica, amadurecida pela leitura de muitas estórias - das que a História se apossa sem regras, entre lendas, especulações e meias verdades -, “a minha teoria” sobre a origem do lugar do Barril reside na margem direita do rio Alva - no Urtigal!

Sem balelas …
O sítio do Urtigal, bem localizado para servir a população de Vila Cova, que foi de Sub - Avô, com acesso facilitado pela largueza do leito do rio, a jusante do açude, faz acreditar que o local teria sido uma verdadeira “zona industrial”, transformando cereais em farinha e azeitonas em azeite - sem esquecer a caça e a pesca, abundantes e variadas…
O moleiro, responsável pelo bom funcionamento dos engenhos, tinha casa de habitação com dois pisos e razoável conforto - na aldeia ainda há memória de quem por lá mourejou e criou filhos...

Apenas uma lenda (ou não)
A lenda do moleiro reforça a minha teoria. Recordemos “o que se dizia por aí”:
- “Reza a estória de passa palavra que, certo dia, o rio Alva teve uma grande cheia. Um moleiro, ao reparar que as águas arrastavam barris de vários tamanhos, com a ajuda de uma vara conseguiu arrastá-los para a margem.
Nesse ano, a produção de vinho foi de tal modo elevada que as pessoas esgotaram o vasilhame e recorreram ao moleiro, com quem fizeram negócio. Por essa razão, passou a ser conhecido pelo “moleiro do barril”!
Possivelmente, a lenda tem como protagonista o moleiro do Urtigal...

Continuando a especular…
…sobre um tempo sem referências de autenticidade, quero acreditar que o lugar do Barril “nasceu” com a propaganda desta lenda… depois de um familiar do “moleiro do barril”, ou o próprio, talvez tomado de amores por certa dama de Vila Cova, ou das vizinhanças, ter caminhado pela margem direita do rio, na direção da foz, até encontrar um local “encantado”, não muito longe da “zona industrial”, para construir o seu “ninho”…
A voz do povo, creio, passou a identificar o lugar pela memória do negócio do moleiro, como reza a lenda. Ficou Barril, e não se fala mais nisso!
- Na minha romântica imaginação, a estória deve ter acontecido nos primórdios da ascensão de Vila Cova de Sub – Avô, terra fidalga, com História digna de ser conhecida, quanto mais não seja para que possamos encontrar alguns dos nossos passos a caminho da independência administrativa, consumada no ano de 1924.

De volta ao Urtigal e ao Barril
A área constituída pela habitação familiar do moleiro, terras de cultivo e instalações industriais, em dada altura, passou a ser conhecida como Quinta do Urtigal – é este o topónimo que consta no arquivo do antigo Cartório Paroquial de Vila Cova de Sub – Avô, de onde o saudoso padre Januário extraiu preciosas informações.
Convém não esquecer que o lugar do Barril e toda a zona ribeirinha estiveram sobre a alçada administrativa de Vila Cova durante muitos, e muitos anos.
Em 1721, no Barril, estavam de pé três ermidas: duas delas erguidas em montes sobranceiros ao rio, e a terceira bem no centro do pequeno povoado.
Permito-me especular de novo, agora sobre a localização das ermidas em honra de Santa Maria Madalena e Santo Aleixo:
- não guardariam elas, as ermidas, os santos da devoção dos “senhores da Casa do Barril, donos de terras até ao rio”? Lá dos altos, descansa-se o olhar sobre a paisagem e adivinham-se as sementeiras, que as águas do Alva faziam crescer… com a “ajuda dos santos protetores”!
Quinta do Urtigal 
A casa  do moleiro na encosta e as
 rodas (2) dos engenhos
- Quem ordenou a construção das duas ermidas em locais relativamente remotos, mas com vistas largas?- Os senhores da Quinta, certamente...
O povoado, junto da ermida de S. Simão, cresceu com a Quinta de Santo António, onde existia uma capelinha (em honra do santo padroeiro da Quinta?).
A devoção religiosa dos senhores da "Casa do Barril" não merece  dúvidas...
Em redor das outras duas ermidas, não muito distantes da terceira, onde se acredita ter nascido o Barril, surgiram outros polos residenciais. O Barril de Alva é formado pelo conjunto dos três casais – em tempos idos, para que as pessoas fossem identificadas com os locais de residência, bastava anunciar o “seu casal”: Cimeiro, do Meio, ou Fundeiro.

Agora…
O registo toponímico de 2013 atualizou os nomes das ruas, largos e caminhos, novos casais, ou bairros, além de atribuir os números de polícia a todos os imóveis, como mandam as Leis e o progresso exige.
Em resumo: “dois dedos de conversa” não alinhavaram grande coisa sobre as raízes do povo de onde venho através do sangue de Joaquim Pereira, o moleiro, com “oficina” na Picota – fica a intenção.
C.R.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Barril de Alva - "Uma Terra da Beira"

"Uma Terra da Beira" - artigo escrito pelo  dr. Alberto Martins de Carvalho  e publicado em 1934  no Jornal "A Comarca de Arganil", a  propósito  do desenvolvimento  do Barril Alva.
Pela leitura, o reconhecimento da obra feita  "... com verdade e justiça..." - palavras  do autor,   barrilense  ilustre, como outros  dos nossos patrícios,  de acordo com as suas qualidades e competências...
Vale a pena interiorizar a prosa   para que possamos valorizar o  legado dos nossos antepassados.




  
"Sinto quanto é difícil escrever sobre a nossa terra, quer seja a meia dúzia de linhas dum artigo de página regionalista, quer a história geral duma nação. Pesa-me agora a primeira dificuldade; a segunda, a outros vários tem pesado. Custoso, se não impossível, ser-se objetivo, já que tudo o que diz respeito ao homem e à medida - na frase de um velho pensador - do mesmo homem…
Tornam-se imprescindíveis estas reticências porque me falta o à vontade ao escrever sobre Barril d’Alva, coisa parecida a lançar a público um autoelogio…
Salva-me em parte o facto de haver lá, como noutras povoações, um grupo de homens dedicados e voluntariosos que se deram o encargo de tornar conhecido o que há de bom, o que se faz, o que deve ainda fazer-se.
Esse “Secretariado de Propaganda Local” poupa-me o trabalho ingrato de contar – melhor seria dizer “cantar”… - as belezas e superioridade desta aldeia ribeirinha do Alva. Muito louvavelmente se vão desempenhando de tal missão e reconheço que a gratuidade dos seus esforços não é isenta de sacrifícios, de dissabores.
Mas arredado esse motivo fácil duma prosa ligeira, não vejo a que agarrar-me para continuar. Porque, enfim, isto deve ser um artigo simples, mas com ar festivo. E numa casa em festa, ai do impertinente que tirasse do bolso uns óculos e um caderno de almaço e fosse a história da habitação ou a maneira como tinha sido construída e retocada pelos sucessivos inquilinos.
Aceitando mesmo que os convivas tivessem a delicada condescendência de ouvir, não deixariam os outros, o mundo, de gritar que era o conto do gabar da noiva… Claro que o mundo ralha de tudo, coitado; é um desabafo como outro qualquer. Quer-me parecer, entretanto, que neste caso o mundo não tinha razão para falar.
Eu podia dizer bastante, com verdade e justiça, sobre as qualidades dos meus patrícios: o seu amor ao trabalho, o fiozinho sentimental que os une a todos, mesmo aos que andam perdidos por esses reinos de Cristo, a sua vontade de caminhar e progredir, vontade obscura mas tenaz, vontade de bons plebeus e camponeses, pessoas cujas mãos não servem apenas para justificar as algibeiras…
O mundo não tinha que achar mal que eu mostrasse como esta aldeia ignorada já entrava no cadastro da população de 1527 com a sua dezena de habitantes, que viveram e sofreram nos tempos da conquista da India, nos tempos de Vasco da Gama e de Albuquerque; creio que não será despropósito tecer algumas considerações sobre o caminho andado até hoje por este pequeno núcleo de gente que, sem alarde, talvez sem brilho mas com persistência, tem mantido o seu lugar ao sol. Poderia ainda dizer, se o mundo não ralhasse, que…
Mas eu prefiro que o mundo se não canse. Tanto mais que isto é um escrito particular, uma carta à família, digamos, com que os outros nada têm.
É apenas a esses patrícios que eu devo afirmar que me sinto integrado nas suas aspirações, como me sinto igual a eles no desejo de melhorar a terra onde nascemos, que é, para os nossos olhos, muito diferente das outras.
É para os que se têm batido como podem e sabem pelo progresso local que eu devo confessar que me parece estar certa a sua atividade, limitando-me apenas a insistir nesta pequena regra de ação: uma terra não pode cultivando o desconhecimento das outras e muito menos a hostilidade ou inferioridade das restantes.
Anda-se há muitos séculos a clamar que somos irmãos e a viver como se fossemos de barro diferente. Porque é que num canto onde todos se conhecem – aldeia ou comarca, tanto faz…- onde são idênticas as aspirações, há de haver fumo em vez de luz, berros em vez de palavras? Deixo à consciência de todos a ponderação e desenvolvimento deste motivo. E fico convencido de que não faço mais que tornar claro o que está implícito no ânimo de cada um dos meus patrícios, um principio que sempre os tem guiado, mas em que nunca se insiste demasiadamente…"
M.C.
Coimbra, dezembro de 1934


***


sábado, 18 de junho de 2022

O palacete dos "bonecos"

Diário do Governo n.º 57/1913, Série I de 1913-03-11 - Ministério do Interior - Direção Geral da Instrução Primária.
Portaria de 8 de Março,“(…) louvando o professor da escola do lugar do Barril e o cidadão
Joaquim Mendes Correia de Oliveira
por serviços relevantes prestados à instrução e educação cívica nacionais”

Conhecido como "prédio dos bonecos", o palacete foi construído pelo barrilense Joaquim Mendes Correia de Oliveira.  
O merecimento da sua generosidade no então denominado lugar do Barril, justifica encómios e destaque de “primeira página”, como o Governo da República reconheceu em 1913.
A Junta de Freguesia do Barril de Alva, em 1924, não deixou de lhe prestar justa homenagem ao atribuir o seu nome a uma das primeiras ruas da aldeia.
Joaquim Mendes Correia de Oliveira emigrou para Belém do Pará, no Brasil, onde fez fortuna. De regresso a Portugal, construiu de raiz um soberbo palacete na sua terra natal, ainda de pé e habitável. O edifício é conhecido como  “prédio dos bonecos” pelo facto da decoração do beirado ostentar peças de estatuária.
A talhe de foice, refira-se o pormenor de ter sido em 1911 residência temporária do ministro do Fomento da República, Brito Camacho, durante uma visita à região de Arganil.
A benemerência do nosso conterrâneo estendeu-se à construção
- do esplendoroso edifício da escola primária do Barril de Alva, em parceria com José Freire de Carvalho e Albuquerque, Abílio Nunes dos Santos e Joaquim Nunes dos Santos;
- da antiga sede da Filarmónica Barrilense (agora, depois de recuperada, acolhe um projeto cultural de inegável importância na comunidade: a Casa/Museu “OS BARRILENSES SÃO ASSIM”, frase emblemática dita vezes sem conta pelo seu filho A.I.A.C.O);
- da igreja matriz do Barril de Alva, que tem como orago S. Simão.
Infelizmente, Joaquim Mendes Correia de Oliveira faleceu relativamente novo.

O pequeno António Inácio Alves Correia de Oliveira  junto dos progenitores

Barrilense ilustre - José Quaresma Nunes dos Santos

José Quaresma Nunes dos Santos nasceu a 29 de Novembro de 1923 na aldeia de Barril de Alva. Depois de acabar a escola primária nesta localidade, com nove anos ingressa no Liceu José Falcão, em Coimbra.

Em 30 de Novembro de 1946 termina o curso de Matemáticas Puras, recusando o convite para se tornar assistente na mesma universidade; pede equivalências do seu primeiro curso e, no ano seguinte, completa Engenharia Geográfica. Começa a trabalhar para o IGC (Instituto de Geografia Cadastral) no Departamento de Geodesia, fazendo trabalhos de Triangulação, Nivelamento de Alta Precisão, efetuando várias viagens em trabalho por todo Portugal. Casa-se a 17 de Julho de 1948 com Maria Teresa das Neves de Jesus Santos Nunes dos Santos.
Sai do IGC para se juntar ao IITC (Instituto de Investigação Científica e Tropical), nomeadamente à MGM (Missão Geográfica de Moçambique) em 1953, fazendo viagens de seis em seis meses para Moçambique até 1964. Em 1964, com a saída de um Decreto-Lei acerca da permanência de alguns engenheiros (chamados residentes) nas províncias portuguesas, muda-se com a família (Mulher e filhos) para Lourenço Marques, onde permanece residente até 1974, realizando os trabalhos que já exercia no IGC, tal como Medições de Base, Gravimetria e Astronomia, agora para a MGM.
Após o regresso para Portugal mantém o seu cargo na Repartição da MGM na Praça João do Rio n.º 2, em Lisboa, sendo esporadicamente convidado para fazer trabalhos técnicos para o LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), como por exemplo a manutenção de barragens, em particular a manutenção da barragem da Agueira, onde efetuava observações, até à sua morte no dia 24 de Abril de 1983.
(Recolhido por Carla Ramos, natural de Moçambique - arquiteta paisagista).
. Foto cedida gentilmente pela família Nunes dos Santos - texto de Tiago Hirth 

terça-feira, 14 de junho de 2022

"A bem da nossa terra"...

Para que conste ...

"A bem da nossa terra - pela direção da União e Progresso do Barril de Alva, o presidente,"

Adalberto Gens da Costa Simões





sexta-feira, 10 de junho de 2022

Memorial - Praça Barril de Alva


A decisão da Câmara Municipal de Almada, então presidida por Maria Emília de Sousa, conceder a honra ao Barril de Alva de fazer parte da toponímia de uma das suas freguesias, é o reconhecimento da importância da comunidade barrilense no concelho, a vários níveis, como é sublinhado durante intervenções públicas de caráter social, onde o nome da União e Progresso do Barril de Alva surge como “parceiro” de relevo nas diferentes áreas em que manifesta a sua presença ativa.
- "Quantas freguesias do país se podem orgulhar de memorial semelhante? (…) *
A extinta Junta de Freguesia do Barril de Alva, no tempo certo, por seu turno, passou a reconhecer uma das suas principais artérias como Rua Cidade de Almada.
Esta troca de gentilezas entre responsáveis autárquicos, na verdade, é muito mais do que “meras gentilezas”: irmanam as pessoas!
“(…) não há área de Almada onde não haja gente de Arganil - uma presença significativa organizada que ali mantém a ligação das suas raízes”. “Almada tem recebido gente de todo o lado, mas os de Arganil souberam granjear o nosso respeito com trabalho” - palavras de Joaquim Judas, presidente da Câmara Municipal de Almada, durante o almoço convívio no Barril de Alva em maio de 2017
-
* Excerto da intervenção do último presidente da Junta de Freguesia do Barril de Alva na Assembleia Municipal de Arganil, realizada no dia 29 de setembro de 2012, a propósito da manutenção da independência administrativa desta freguesia:
“(…) Por fim, não podia deixar de enaltecer a existência, desde 1935, da União e Progresso do Barril de Alva - instituição pioneira do regionalismo arganilense e que, para além de todas as benfeitorias sociais e económicas com que dotou o Barril de Alva, continua a apoiar a Filarmónica e a juventude da freguesia, mantém a sua sede social em permanente atividade na região de Almada, cujo Município fez erguer na freguesia do Laranjeiro uma praça a que deu o nome do Barril de Alva em homenagem às centenas de barrilenses que ajudaram a construir o concelho. Quantas freguesias do país se podem orgulhar de memorial semelhante? (…)


quarta-feira, 8 de junho de 2022

Os romanos andaram por aqui...

 Sabe-se que os povos antigos, designadamente os Romanos, exploraram o ouro no leito e nas margens do Rio Alva.


No Barril de Alva, na margem direita do rio, na Área de Serviço e Pernoita para Autocaravanas, ainda existem milhares de pedras redondas (calhaus) que formam uma CONHEIRA - (…) local onde foram amontoados seixos rolados resultantes do trabalho de exploração mineira do ouro pelos Romanos(…) - “e que muito úteis foram na construção da estrada do Barril para Coja “(António Inácio Alves Correia de Oliveira (AIACO) - “ A Comarca de Arganil”
Pela leitura de inúmeros estudos é possível localizar zonas onde surgem (…) testemunhos das lavarias de ouro em que as terras eram lavadas e as pedras redondas (calhaus) arrumados como escombros (…). 
O semanário “Campeão das Províncias”, na edição do dia 26 Agosto de 2016, com o título “Ouro - Maior área mineira de ouro do Portugal romano encontra-se ao longo do Rio Alva, no concelho de Arganil", divulgou (…) a investigação sobre mineração antiga, efetuada por investigadores do CEAACP da Universidade de Coimbra e do Consejo Superior de Investigaciones Cientificas – Madrid (…), e salientou: "(…) Os restos que revelam os trabalhos mineiros de época romana concentram-se no concelho de Arganil, ao longo do Alva, sendo esta área mineira particularmente extensa junto a Coja. Entre os vestígios arqueológicos descobertos também se encontram os de um possível acampamento militar romano" (Lomba do Canho).
Jorge de Alarcão refere a exploração mineira do Alva, colocando algumas questões relativamente à época da sua exploração, “Nas margens do rio Alva, entre Vila Cova e a confluência do Alva e do Mondego (…)" – Direção Geral do Património Cultural.
Trabalho de excelência foi elaborado pela doutora Carla Maria Braz Martins, da Universidade do Minho, Braga, em 2008, sobre A EXPLORAÇÃO MINEIRA ROMANA E A METALURGIA DO OURO EM PORTUGAL, "(…) principalmente nas margens do rio Alva (vale de Arganil)" - página 45.
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*Texto  publicado no blog "Terras do Alva" em julho de 2017

U.P.B.A. - recuperar património

Bem andou o presidente da União e Progresso do Barril de Alva, António Silvestre (ou simplesmente, para os barrilenses, Tonecas) pela decisão de alindar a fachada do prédio contiguo à Casa/Museu, depois de ouvido o proprietário.
O Largo José Freire de Carvalho e Albuquerque, enriquecido com o secular coreto, (ex) Igreja Matriz, primeira sede da Filarmónica (agora espaço museológico, a inaugurar em breve), com mais este "pequeno" toque estético, sempre mereceu as graças da U.P.B.A., desde a sua fundação (e antes dela, a C.I.E.B.A. Comissão de Iniciativa e Embelezamento do Barril de Alva)…

terça-feira, 7 de junho de 2022

Primeira visita da Filarmónica a Lisboa


“Salve 21 de março de 1965"
"Aos barrilenses oferece JOÃO CARLOS P. SIMÕES
a foto da 1ª ida a Lisboa da sua briosa FILARMÓNICA à saída da Igreja da Encarnação, onde assistiram à missa pela alma dos barrilenses falecidos e dos seus benfeitores, e pela passagem do 30º aniversário da consagrada U.P.B.A., sendo celebrante o estimado Padre Januário”
Foto de Nery Simões