SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO BARRIL DE ALVA: FONTES: ”AIACO” - A COMARCA DE ARGANIL- GENI.COM - CLARINDA GOUVEIA - P. ANTÓNIO DINIS - - “ECOS DO ALVA” – U.P.B.A.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

A beleza dos sonhos

 O Barril de Alva cresceu tanto que passou a ser … tão grande como outra terra qualquer…”.



Depois da construção da ponte sobre o rio Alva, a importância da freguesia do Barril de Alva, como referido em apontamento anterior, alterou o contexto autárquico local, como reconhece o site “Miradouro de Vila Cova” ”(https://miradourodevilacova.blogs.sapo.pt/subsidios-para-a-historia-de-vila-cova-1263095):

“(…) Vila Cova tinha, em 1860, 1306 moradores e em 1920, 1364 moradores. A partir de 1924, com a desanexação da povoação de Barril do Alva, a população de Vila Cova diminuiu para metade e não mais recuperou (…)”.

Não são conhecidos números concretos sobre a população residente na nova freguesia no ano da sua independência administrativa (1924), mas em 1930, segundo os censos, o Barril de Alva tinha 474 moradores. Em 1940, 508; em 1950, 510; em 1960, 491. Em 1970, 430, e no ano de 1981 os números voltaram a subir: 468 habitantes.
A partir de então, a população do Barril de Alva caiu para números modestos: em 1991, 383. em 2001, 386 e em 2011, 281…
Os anos de glória da nova freguesia justificam uma “viagem no tempo” para recordar os alicerces de uma aldeia airosa e soalheira, provida de seis ou sete estabelecimentos comerciais (mercearias, padarias, tabernas, talho, venda de tecidos, e acessórios técnicos, etc), telefone e posto dos correios, fontanários públicos, cemitério, quantidade razoável de mestres carpinteiros e pedreiros, ferreiro, sapateiro, barbeiro, moleiros, madeireiros e, em maior número, trabalhadores rurais.
A Filarmónica era - e continua a ser! - a “menina bonita” dos barrilenses; o “rancho das Rosas” e o “Orfeon da Filarmónica”, durante algum tempo, foram uma opção de entretenimento. E havia a Casa do Povo, local dos “bailes mandados” (com a obrigatoriedade de os cavalheiros levarem “as meninas ao bufete”…), sem esquecer as feiras francas e festas religiosas anuais, que eram três – uma delas tinha desfile organizado em dia de merenda no Parque da Ponte, ao som da Filarmónica que brilhava nos acordes da “Marcha do Barril”…
A Escola Primária pública, com duas salas e residência para professores, era o orgulho das gentes da terra. Liam-se jornais, nacionais e regionais, como o Diário de Notícias, A Comarca de Arganil e o Jornal de Arganil. José Valentim era um dos conceituados correspondentes da Imprensa e António Inácio Alves Correia de Oliveira, A.I.A.C.O., o mestre na arte de poetizar a escrita, dinâmico e sonhador de um Barril de Alva maior, sempre maior!
Na ausência de viaturas particulares, os transportes públicos davam conta das necessidades de quem tivesse de se deslocar à sede do concelho, Arganil, ou a Coimbra.
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Como foi possível tamanho desenvolvimento em tão curto espaço de tempo? 
Com exemplos como este:

- “Comissão Executiva da Câmara Municipal de Arganil, de 11 de março de 1920.
“Tendo-se apresentado nesta sessão o cidadão Albano Nunes dos Santos, do Barril, declarou que fazia entrega à Câmara dum cemitério construído naquele povo por seu irmão Abílio Nunes dos Santos, em terreno de António Freire de Carvalho e Albuquerque (…)”

A benemerência de alguns cidadãos, de forma individual ou associados na União e Progresso do Barril de Alva, construiu um movimento regionalista ímpar na região!
… E o Barril de Alva cresceu, cresceu tanto que passou a ser “… tão grande como outra terra qualquer…”.

“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura (…)”
Alberto Caeiro
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