SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO BARRIL DE ALVA: FONTES: ”AIACO” - A COMARCA DE ARGANIL- GENI.COM - CLARINDA GOUVEIA - P. ANTÓNIO DINIS - - “ECOS DO ALVA” – U.P.B.A.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Abertura do Centro Comercial do Barril

 Edição da "Comarca de Arganil" de 9 de novembro de 1922:

"No próximo  dia 19 do corrente, os nossos ilustres  conterrâneos srs Nunes dos Santos & Cª, proprietários dos Grandes Armazéns  do Chiado,  vão inaugurar uma nova  filial da sua importantíssima casa na próspera e linda povoação que é o Barril, sua terra natal".







Na imaginação do artista,  seria assim  a filial dos Grandes Armazéns do Chiado quando o Barril de Alva fosse terra de muita  gente, cosmopolita – do tamanho dos sonhos  dos irmãos Nunes dos Santos, fundadores  do seu  “império”, com sede em Lisboa,  principais obreiros de muitas das grandes obras concretizadas na aldeia onde nasceram.  Gratidão maior pelos sonhos que sonharam…


Alberto Martins de Carvalho - o "Mestre"...


Era  menino quando ingressei no Liceu D. João III, em Coimbra.
Certo dia, durante uma aula, entrou na sala o Dr Alberto Martins de Carvalho - cumprimentou o seu colega professor e "...todos os meninos"; de seguida quis saber quem era o Carlos Ramos: levantei a mão e estiquei o dedo!...
Publicamente, com gentileza, deixou-me recados - se dele tivesse alguma precisão, que o procurasse na sala "x"...
O torrão natal de ambos é o Barril de Alva. A escola primária onde aprendemos as  "primeiras letras" foi a mesma. 
As nossas famílias eram afetivamente próximas. Lembro a mãe Natália dizer que, em Coimbra, ia ter a ajuda do "... senhor doutor Martins de Carvalho, com quem já tinha falado... ".
C.R.
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Alberto Martins de Carvalho -  o "Mestre"
... é natural do Barril de Alva, onde nasceu a 30 de Dezembro de 1901.
Casou com Judite Sinde, de Coja, e licenciou-se simultaneamente em Direito e Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra.
Fez a sua instrução Primária no Barril de Alva, prosseguindo estudos liceais em Coimbra, no Liceu Dr. Júlio Henriques.
Foi professor metodólogo na atual Escola Secundária José Falcão (Coimbra) e exerceu, igualmente, funções docentes em Aveiro.
Alberto Martins de Carvalho foi autor de inúmeros artigos em dicionários, guias, livros e revistas, prefaciando, traduzindo e anotando outras obras. O seu nome também se liga à autoria de livros de temáticas variadas.
Articulista nas revistas Presença e Palestra, pertenceu à direção da revista Bysancio e também colaborou com a revista Manifesto e o jornal Humanidade. Usou, em várias ocasiões, o pseudónimo de Carlos Sinde.
Nas décadas de 20 e 30 do século passado, foi um dos grandes vultos intelectuais de Coimbra, privando com nomes como Miguel Torga (a quem apresentou Fernando Valle), Paulo Quintela, Vitorino Nemésio, José Régio e outros, não obstante o seu carácter reservado e discreto.
Esteve na origem da criação das Universidades Populares, na I República.
Foi Diretor do Centro de Estudos Pedagógicos do Instituto Gulbenkian de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1975 e 1993.
Também por sua iniciativa, foi constituída a Biblioteca Fixa nº 95 da Gulbenkian, em Coja, em 1965, sob a égide dos Bombeiros Voluntários locais. Em 8 de Setembro de 2001, por proposta de Mário Valle, a Câmara Municipal de Arganil atribui-lhe o nome da Biblioteca cojense, sendo também patrono da Biblioteca da Escola Secundária José Falcão.
Faleceu na Figueira da Foz, a 26 de Março de 1993, cidade onde se encontra sepultado.


terça-feira, 24 de maio de 2022

Pelos Caminhos de Torga

 A razão de Miguel Torga merecer realce na toponímia do Barril de Alva







Dez da manhã do dia 23 de Maio de 2015, no Barril de Alva, junto à ponte, local onde Miguel Torga, em  Setembro de 1942, se debruçou sobre o "beirão" rio Alva. Talvez no mesmo local onde escreveu...


SAUDAÇÃO
Não sei se comes peixes, ou não comes,
Irmão poeta Guarda-Rios:
Sei que tens o céu nas asas e consomes
A força delas a guardar rios.
É que os rios são água em mocidade
Que quer correr o mundo e conhecer;
E é preciso guardar-lhe a tenra idade,
Que a não venham beber ...
Ave com penas de quem guarda um sonho
Líquido, fresco, doce:
No meu livro te ponho,
E eu no teu rio fosse
-
Miguel Torga, in Diário II, Barril de Alva, 28 de Setembro de 1942

domingo, 22 de maio de 2022

Placa toponímica


Sensivelmente a meio da Rua Cidade de Almada, no muro da antiga residência de António Inácio Alves Correia de Oliveira, AIACO, existe uma placa toponímica, possivelmente colocada antes de 1924, ano da independência do lugar do Barril.
Nos apontamentos históricos de AIACO nada consta sobre o assunto, mas é de crer que se trata do “anúncio” do começo da povoação…
…Por decifrar, as letras “ACP” poderão ser uma referência ao Automóvel Clube de Portugal, fundado em maio de 1903. A ser verdade,  alguma lógica terá a placa que identifica o "lugar do  Barril"... antes de   ser freguesia.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Quinta do Urtigal


A primeira referência escrita conhecida sobre a “QUINTA DO ORTIGAL” surge no volume XI da obra “Portugal Antigo e Moderno”, editado em 1886: "...o lugar do BARRIL e a QUINTA DO URTIGAL fazem parte da freguesia de Vila Cova de Sub-Avô".
Nesse ano de 1886 começou a ser construída a ponte sobre o rio Alva, inaugurada dois anos depois. A população do BARRIL, com a nova ponte, aumentou e progrediu, como demonstram os censos: no ano de 1900 tinha 500 habitantes, e em 1910, 520.
António Inácio Alves Correia de Oliveira (AIACO), conhecedor profundo da História do BARRIL DE ALVA, dizia que os fundadores dos Grandes Armazéns do Chiado, naturais do BARRIL, afiançavam que a QUINTA DO URTIGAL já existia em 1727. Segundo o padre Luís Cardoso, o BARRIL, nesse ano, tinha “… vinte e nove vizinhos“.
Sobre o topónimo BARRIL, escreveu AIACO (…): também medieval, derivado de barro e, portanto, de sentido geológico (…). Temos que admitir, também, que o povoamento do Barril de Alva é anterior ao século XII”.

Albano Nunes dos Santos eleito presidente da Junta de Freguesia em 1924


 A primeira Junta da nova Freguesia do Barril de Alva foi eleita no dia 21 de setembro de 1924 e era composta pelos seguintes barrilenses:

EFETIVOS
Albano Nunes dos Santos
José Coelho  Nobre
António Brito Simões
José Maria de Paiva
José Martins de Carvalho
SUPLENTES
Albano Brito Simões
Manuel Marques Correia
José Luís Marque
Francisco Correia Rijo
António Valentim dos Santos

Interinamente, foi nomeado como regedor Joaquim Jacinto Coelho Nobre.
Em 1925, o primeiro aniversário da nova freguesia foi festejado no dia 15  de  julho por ter sido nesse dia, em 1924, que o Senado do Congresso da República aprovou a Lei da criação da nova  freguesia.
A partir de 1926 a data histórica a ser comemorada, de forma definitiva, passou  para  o dia 25 de julho.

terça-feira, 17 de maio de 2022

Barril de Alva: “Primeiro estranha-se. Depois entranha-se” – F. Pessoa


Dir-me-ão que é exagerado comparar uma frase do grande Fernando Pessoa a um texto “ditado pelo coração” de alguém que tinha em mente, apenas e só, divulgar a sua terra natal.
Pela leitura do panfleto vamos encontrar, no meu entender, o encanto da intenção da prosa quando associa a mãe Natureza ao Barril de Alva pelo facto do “divino” ter bafejado determinado território com uma bifurcação de estradas!
O meu conterrâneo foi bem claro (e autêntico!) com as palavras: “a aldeia está bem servida de acessos, e ainda oferece o usufruto da luz elétrica, estação postal, cabine telefónica, de um CINE TEATRO, concertos da Filarmónica”,  etc…
Sendo o texto um panfleto publicitário de 1938, o autor por certo “conhecia” Fernando Pessoa, autor da famosa frase sobre a Coca Cola: “ Primeiro estranha-se. Depois entranha-se”!
Esta “associação de ideias” na promoção da terra onde nasci continua a ter vida própria:
- quem desconhece os encantos da aldeia do Barril de Alva, “arejada” pela mão do Homem e o conforto das “vistas largas”, favores da mãe Natureza, ao chegar, primeiro “estranham”, depois apaixonam-se por ela…
CR

terça-feira, 10 de maio de 2022

O "nosso" jardim...

Em tempos idos, os concursos patrocinados pela Upba Upba (União e Progresso do Barril de Alva)  agilizavam o pensamento dos jovens estudantes da escola do Barril de Alva, como é o caso desta quadra, da autoria do Avelino Bernardo , vencedora de um primeiro prémio. Mal sabia o júri que este menino, homem feito, iria concretizar o seu "sonho", "fazendo desta terra um jardim / para que todos saibam / que os barrilenses são assim"
Sempre disponível para a comunidade, o Avelino é herdeiro da "arte de bem fazer", na perspetiva de AIACO (e da minha...) quando entendeu "... que a melhor forma de glorificar a sua paixão e dos seus conterrâneos, que durante décadas alimentaram e concretizaram sonhos, passava por associar ao espírito solidário e altruísta uma frase lapidar":
- “Os Barrilenses são assim”! 
CR

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Futebol: a União (e Progresso) empatou com os Onze Unidos

 Junho de 1939 - notícia de jornal: "O empate 1-1 não traduziu o domínio intenso que a União  exerceu durante os noventa minutos de jogo"







quinta-feira, 5 de maio de 2022

Distribuição do correio ao domicilio

A corneta  com que o
carteiro
se fazia anunciar


No dia 1 fevereiro 1932 foi inaugurado no Barril de Alva o serviço de distribuição da correspondência ao domicílio, a cargo do  

António Maria Gouveia.

As despesas com a entrega da correspondência ficaram a cargo da 
Comissão de Iniciativa e Embelezamento do Barril de Alva, CIEBA, fundada em 25/11/1931.
Posteriormente, no dia 17 de Março de 1935, foi criada a UPBA - União e Progresso do Barril de Alva, passando a novel instituição a assumir os custos da distribuição  do correio no Barril de Alva até o processo transitar para os  CTT.



quarta-feira, 4 de maio de 2022

A "casa da música" no tempo do mestre Vinagre


Possivelmente a primeira  fotografia oficial
da S.F.B. regida  pelo mestre Vinagre,
na anterior sede

Ontem resumi um texto do “historiador” AIACO, publicado na “Comarca de Arganil” em tempos idos, onde se recorda a casa que José Monteiro de Carvalho e Albuquerque mandou construir no Barril de Alva.
“As conversas são como as cerejas”, por isso não é de admirar que, esta manhã, um “rapaz” com memória fresca, o Vitor, durante uma pausa na minha caminhada (com o “Bello”, o cão…), abordasse o assunto. Disse o Vitor:
- “O caseiro, “ti” Zé Pereira, contava que o salão do rés-do-chão era a casa de ensaio da Filarmónica, isso no tempo do mestre Vinagre…”.
O “ti” Zé Pereira era carpinteiro, como o irmão, António Pereira, meu avô - os dois eram mestres na montagem das rodas de alcatruzes no rio Alva; o meu avô tinha a particularidade de ser músico da Filarmónica, tocava requinta e/ou clarinete e, ao que sei, “dava um jeito” na guitarra portuguesa durante os “bailes mandados”…
…Faz todo o sentido que a Banda tivesse como “sede” a futura habitação (que nunca usou…) do fundador da Filarmónica Barrilense - José Monteiro de Carvalho e Albuquerque.
-
Em 1911, a Sociedade Filarmónica Barrilense, graças à benemerência de Joaquim Mendes Correia de Oliveira, mudou-se “com armas e bagagens” para a sua nova residência artística – não tarda, será esta casa/museu o local próprio para “viajar no tempo”, que bem poderia chamar-se “Museu do Bairrismo Barrilense”, como era desejo de AIACO, mas a frase por si imortalizada “Os Barrilenses são assim”, "diz muito"  deste território e é digna de ser associada, com a devida vénia, às palavras de Miguel Torga sobre a construção do Teatro Aves Coelho, em Arganil:
-“Erguido por teimosos e cabeçudos Beirões, da mesma maneira que antigamente se construíam as Catedrais, trazendo cada um a sua pedra”.
Os Beirões “eram mesmo assim”!
CR


À janela, AIACO atento 
- nos clarinetes, a Lena, o "ti" António Pereira e o "ti" Virgílio 
esmeram-se  no toque durante o ensaio na primeira  residência artística da S.F.B.


Temporariamente, foi a "casa da música",  mandada  construir por 
José Monteiro de Carvalho e Albuquerque 

terça-feira, 3 de maio de 2022

José Monteiro - a casa que nunca habitou




José Monteiro de Carvalho e Albuquerque fundou a Sociedade Filarmónica Barrilense em 5 de novembro 1894, como é do domínio público.
José Monteiro era um homem culto e estudioso, músico erudito, embora amador. Ensinou os primeiros músicos da Banda, que regeu com sabedoria durante largo tempo; escreveu várias peças para a “sua” Filarmónica, e para outro tipo de instrumentos, como piano e flauta.
Após o falecimento de seu pai, o fidalgo José Freire, houve partilhas entre ele e o irmão, António Freire. Nessas partilhas, pouco coube, no Barril, a José Monteiro - a Quinta de Santo António e a quase totalidade dos seus domínios ficaram para o seu irmão. No entanto, dado o seu amor pelo Barril, numa outra propriedade com que ficou, junto à estrada que vai do entroncamento (Largo do Chiado) para a ponte, mandou construir um grande prédio para nele habitar – infelizmente tal nunca aconteceu…
José Monteiro foi residir para Oliveira do Conde e o Barril perdeu a sua presença permanente…
Escreveu vários artigos históricos, que publicou na “Comarca de Arganil” em 1928, a que deu o título de “Antiquarias”.
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Saber mais:
https://barrilenses.blogspot.com/2021/07/1894-jose-monteiro-de-carvalho-e.html


Senhoras na liderança da Comissão para os Melhoramentos e Beneficência do Barril de Alva


No dia 9 de abril 1925 foi criada a “Comissão para os Melhoramentos e Beneficência do Barril de Alva”, com sede em Lisboa, e era composta apenas por senhoras.

Entre outras personalidades barrilenses da época, faziam parte dos corpos sociais, Maria Bugarim, Berta dos Santos Garção e Dalila de Vasconcelos Nunes dos Santos.
AIACO fez publicar na “Comarca de Arganil” uma notícia onde refere a lista de apoio (?) da “Comissão para os Melhoramentos e Beneficência do Barril de Alva” às festas de S. João desse ano:
Leopoldina Abreu Magalhães Freire, presidente, Maria da Ressurreição Quaresma nos Santos, tesoureira, Maria Celeste Nunes dos Santos, primeira secretária, Isabel Martins de Carvalho, segunda secretária, Maria dos Prazeres Vaz Jorge, e Isaura da Conceição Coelho Nobre, vogais.