SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO BARRIL DE ALVA: FONTES: ”AIACO” - A COMARCA DE ARGANIL- GENI.COM - CLARINDA GOUVEIA - P. ANTÓNIO DINIS - - “ECOS DO ALVA” – U.P.B.A.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Quem “nasceu” primeiro? O Urtigal ou o Barril?

 Os elementos cronológicos referidos pelo antigo padre Januário, que durante 50 anos (de 1943 a 1993) exerceu funções pastorais, em Vila Cova de Alva, Anceriz e Barril de Alva, mencionados por António Inácio Alves Correia de Oliveira -AIACO - no jornal “ A Comarca de Arganil”, fundado em 1901, apontam a “Casa do Barril”, ou Quinta de Santo António, como principal fator no desenvolvimento do lugar do Barril.
Para este trabalho de recolha de simples notas e apontamentos históricos, considerei irrelevante aprofundar as origens da Quinta de Santo António, sendo certo que alguma influência teve a proximidade de Vila Cova de Sub Avô, da qual o Barril fazia parte, para impor a sua influência no desenvolvimento da agricultura na zona da sua envolvência.
A "Casa do Barril" é citada pela primeira vez (?) num pequeno texto algures no ano de 1720, onde se afirma que “...os seus proprietários eram donos de terras até ao rio…”, incluindo “a Quinta do Urtigal”, que fazia parte “…da freguesia de Vila Cova de Sub-Avô…”- (volume XI da obra “Portugal Antigo e Moderno”, editado em 1886).
É importante acentuar a referência feita à Quinta do Urtigal. A.I.A.C.O., nas suas deambulações históricas, não coloca de parte a eventualidade da Quinta ser anterior ao povoamento do lugar do Barril.
O topónimo Urtigal é, talvez, o reflexo da existência no local de “…plantas herbáceas do género Urtica, da família das Urticáceas”.
A zona onde existiu o lagar e a moenda foi adquirida aos seus anteriores proprietários (também donos da Quinta de Santo António) pelo executivo da extinta Junta de Freguesia do Barril de Alva (2009/2013), que deu visibilidade às ruinas, alindou o espaço e ergueu obra singela de apoio aos veraneantes.
- Ficou mais rico o património público do Barril de Alva.
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Os romanos foram exímios exploradores do ouro no rio Alva e nos montes próximos, a céu aberto ou através de minas. No Barril de Alva, na margem direita do rio, na Área de Serviço e Pernoita para Autocaravanas, ainda existem milhares de pedras redondas (calhaus) que formam uma CONHEIRA – “(…)local onde foram amontoados seixos rolados resultantes do trabalho de exploração mineira”.
A tese de que a Quinta do Urtigal “vem do tempo dos romanos” é uma “estória” (?) que se encaixa neste texto, recolhido aqui: https://revistaplaneta.com.br/ .
- “No Império Romano, a produção movida a água era usada para fazer farinha e cortar pedra e madeira. Os moinhos d’água foram uma das primeiras fontes de energia que não dependiam da força muscular de humanos ou animais”.
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… E assim nasceu o lugar do Barril – ou não !
A lenda do “Moleiro do Barril” pretende encontrar uma razão para o nome do lugar:
- “(…) existia um lugar na margem direita do rio Alva, entre Vila Cova de Sub Avô e Coja, sem denominação conhecida.
Certo dia, o Alva teve grande cheia. Um moleiro do pequeno povoado, ao reparar que havia barris de vários tamanhos na corrente, pegou numa vara e, com ela, conseguiu arrastá-los para a margem.
Nesse ano, a produção de vinho foi de tal modo elevada que se esgotou o vasilhame. Os agricultores das redondezas recorreram ao moleiro, com quem fizeram negócio. Por essa razão, passou a ser conhecido pelo “Moleiro do Barril.
Além desta lenda, existe uma outra, menos “romântica”, mas…
- Para atravessar o rio, quando aumentava o caudal, os residentes no povoado utilizavam uma jangada feita de barris vazios, ligados uns aos outros.
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Sobre o topónimo Barril, A.I.A.C.O. recolheu esta pequena nota: (…): "também medieval, derivado de barro e, portanto, de sentido geológico (…). Temos que admitir, também, que o povoamento do Barril de Alva é anterior ao século XII”.
Pinho Leal, historiador, autor da obra “Portugal Antigo e Moderno, publicada entre 1873 e 1890, esclarece que o lugar do Barril é um “…pequeno povoado da margem direita do rio Alva, ALBA ou ALBULA, como foi conhecido no passado remoto".
Urtigal, anos sessenta: lagar e moenda; o local depois de recuperado em 2011/2012