SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO BARRIL DE ALVA: FONTES: ”AIACO” - A COMARCA DE ARGANIL- GENI.COM - CLARINDA GOUVEIA - P. ANTÓNIO DINIS - - “ECOS DO ALVA” – U.P.B.A.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Onde "nasceu" o Barril (de Alva)?

 Dois dedos de conversa...



Uma teoria, simplesmente…
A curiosidade, parceira da paciência, clicou nas teclas onde lhe pareceu existir fartura de “pescado”, que era pouco, como acontece com a diversidade das espécies piscícolas do Alva (Alba, ou Albul,), o rio que nos sacia a sede, é atração turística e fronteira de territórios.
No entender de alguma lógica, amadurecida pela leitura de muitas estórias - das que a História se apossa sem regras, entre lendas, especulações e meias verdades -, “a minha teoria” sobre a origem do lugar do Barril reside na margem direita do rio Alva - no Urtigal!

Sem balelas …
O sítio do Urtigal, bem localizado para servir a população de Vila Cova, que foi de Sub - Avô, com acesso facilitado pela largueza do leito do rio, a jusante do açude, faz acreditar que o local teria sido uma verdadeira “zona industrial”, transformando cereais em farinha e azeitonas em azeite - sem esquecer a caça e a pesca, abundantes e variadas…
O moleiro, responsável pelo bom funcionamento dos engenhos, tinha casa de habitação com dois pisos e razoável conforto - na aldeia ainda há memória de quem por lá mourejou e criou filhos...

Apenas uma lenda (ou não)
A lenda do moleiro reforça a minha teoria. Recordemos “o que se dizia por aí”:
- “Reza a estória de passa palavra que, certo dia, o rio Alva teve uma grande cheia. Um moleiro, ao reparar que as águas arrastavam barris de vários tamanhos, com a ajuda de uma vara conseguiu arrastá-los para a margem.
Nesse ano, a produção de vinho foi de tal modo elevada que as pessoas esgotaram o vasilhame e recorreram ao moleiro, com quem fizeram negócio. Por essa razão, passou a ser conhecido pelo “moleiro do barril”!
Possivelmente, a lenda tem como protagonista o moleiro do Urtigal...

Continuando a especular…
…sobre um tempo sem referências de autenticidade, quero acreditar que o lugar do Barril “nasceu” com a propaganda desta lenda… depois de um familiar do “moleiro do barril”, ou o próprio, talvez tomado de amores por certa dama de Vila Cova, ou das vizinhanças, ter caminhado pela margem direita do rio, na direção da foz, até encontrar um local “encantado”, não muito longe da “zona industrial”, para construir o seu “ninho”…
A voz do povo, creio, passou a identificar o lugar pela memória do negócio do moleiro, como reza a lenda. Ficou Barril, e não se fala mais nisso!
- Na minha romântica imaginação, a estória deve ter acontecido nos primórdios da ascensão de Vila Cova de Sub – Avô, terra fidalga, com História digna de ser conhecida, quanto mais não seja para que possamos encontrar alguns dos nossos passos a caminho da independência administrativa, consumada no ano de 1924.

De volta ao Urtigal e ao Barril
A área constituída pela habitação familiar do moleiro, terras de cultivo e instalações industriais, em dada altura, passou a ser conhecida como Quinta do Urtigal – é este o topónimo que consta no arquivo do antigo Cartório Paroquial de Vila Cova de Sub – Avô, de onde o saudoso padre Januário extraiu preciosas informações.
Convém não esquecer que o lugar do Barril e toda a zona ribeirinha estiveram sobre a alçada administrativa de Vila Cova durante muitos, e muitos anos.
Em 1721, no Barril, estavam de pé três ermidas: duas delas erguidas em montes sobranceiros ao rio, e a terceira bem no centro do pequeno povoado.
Permito-me especular de novo, agora sobre a localização das ermidas em honra de Santa Maria Madalena e Santo Aleixo:
- não guardariam elas, as ermidas, os santos da devoção dos “senhores da Casa do Barril, donos de terras até ao rio”? Lá dos altos, descansa-se o olhar sobre a paisagem e adivinham-se as sementeiras, que as águas do Alva faziam crescer… com a “ajuda dos santos protetores”!
Quinta do Urtigal 
A casa  do moleiro na encosta e as
 rodas (2) dos engenhos
- Quem ordenou a construção das duas ermidas em locais relativamente remotos, mas com vistas largas?- Os senhores da Quinta, certamente...
O povoado, junto da ermida de S. Simão, cresceu com a Quinta de Santo António, onde existia uma capelinha (em honra do santo padroeiro da Quinta?).
A devoção religiosa dos senhores da "Casa do Barril" não merece  dúvidas...
Em redor das outras duas ermidas, não muito distantes da terceira, onde se acredita ter nascido o Barril, surgiram outros polos residenciais. O Barril de Alva é formado pelo conjunto dos três casais – em tempos idos, para que as pessoas fossem identificadas com os locais de residência, bastava anunciar o “seu casal”: Cimeiro, do Meio, ou Fundeiro.

Agora…
O registo toponímico de 2013 atualizou os nomes das ruas, largos e caminhos, novos casais, ou bairros, além de atribuir os números de polícia a todos os imóveis, como mandam as Leis e o progresso exige.
Em resumo: “dois dedos de conversa” não alinhavaram grande coisa sobre as raízes do povo de onde venho através do sangue de Joaquim Pereira, o moleiro, com “oficina” na Picota – fica a intenção.
C.R.

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