SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO BARRIL DE ALVA - FONTES: ”AIACO” - A COMARCA DE ARGANIL- GENI.COM - CLARINDA GOUVEIA - P. ANTÓNIO DINIS - “ECOS DO ALVA” – U.P.B.A.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

ASSOCIAÇÃO FILARMÓNICA BARRILENSE - breve historial

 

JOSÉ MONTEIRO DE CARVALHO E ALBUQUERQUE
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ASSOCIAÇÃO FILARMÓNICA BARRILENSE

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A Sociedade Filarmónica Barrilense foi fundada a 5 de Novembro de 1894 pelo fidalgo José Monteiro de Carvalho e Albuquerque, senhor da “Casa do Barril”. No início, o projeto artístico tinha a designação de Grupo Musical da Quinta de Santo António, como era também conhecida a “Casa do Barril”.

A formação musical aos interessados no projeto foi da responsabilidade do seu patrono.

Em Julho de 1896, a Filarmónica contava com 24 executantes e não tinha sede própria – o que viria a acontecer em 1911, graças à benemerência de Joaquim Mendes Correia de Oliveira. A velha casa, em 2022, depois de recuperada pela União e Progresso do Barril de Alva, passou a albergar o Museu “Os Barrilenses São Assim” – espaço simbólico dedicado ao progresso do Barril de Alva pelo empenho e dedicação dos seus filhos, de forma individual ou agregados a instituições de caráter regionalista, alindando-o, aprazível e agradável à vista, conhecido e prestigiado.

Em 1930 entrou ao serviço da Filarmónica, como maestro, João Martins Vinagre, que desenvolveu trabalho de vulto. A S.F.B. atravessou, nessa época, um período áureo, sendo considerada uma das melhores Bandas do Distrito de Coimbra.

João Vinagre foi autor de várias partituras, que apelidou de “Operetas”, e dinamizador de eventos artísticos de relevo. Criou o Orfeão da Sociedade Filarmónica Barrilense, cuja estreia aconteceu no Cine Teatro do Barril de Alva no dia 25 de julho de 1935, e fazia o acompanhamento musical do “Grupo Cénico” desta localidade.

Na década de 70 foi erguido o majestoso edifício da nova sede da S.F.B. (inaugurado a 18 de Março de 1979), que proporciona a prática de valências culturais e outros entretenimentos lúdicos.

O espaço alberga um pequeno museu documental, que complementa a história da Filarmónica Barrilense, que pode ser apreciada na Casa/ Museu.

Por obrigações Estatutárias, a instituição passou a designar-se por Associação Filarmónica Barrilense – AFB.

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Editorial Moura Pinto

 





Durante a sessão solene comemorativa da elevação do Barril  de Alva à categoria de Freguesia  foi reconhecida  a colaboração da Editorial Moura Pinto, com sede em Coja. Na imagem, o presidente da Câmara Municipal de Arganil, Luís  Paulo Costa, na presença do presidente da Assembleia da União de Freguesias de Coja e Barril de Alva, Carlos Cerejeira,  entrega ao presidente da Editorial Moura Pinto, Carlos da Capela, uma peça decorativa alusiva ao ato
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segunda-feira, 29 de julho de 2024

UM SÉCULO DE BARRIL DE ALVA

Homenagem ao promotor da extinta Freguesia do Barril de Alva.
Obra de arte oferecida pela EDITORIAL MOURA PINTO,  que tem sede em Coja.
Placa descerrada pelo  presidente da Câmara Municipal de Arganil, Luís Paulo Costa, com a presença do executivo da União de Freguesias de Coja e Barril de Alva (João Tavares, João Gouveia e Isabel Guarda), Carlos da Capela, em representação  da Editorial Moura Pinto, e Comunicação Social 

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Intervenção do último presidente da Junta de Freguesia durante as comemorações do

CENTENÁRIO DA ELEVAÇÃO À CATEGORIA DE FREGUESIA DO

BARRIL DE ALVA

  Minhas senhoras e meus senhores:

 Estou grato pelo privilégio de celebrar convosco o CENTENÁRIO DA ELEVAÇÃO À CATEGORIA DE FREGUESIA DO BARRIL DE ALVA.

 De forma sucinta e breve, desejo realçar os desígnios do povo e a influência de ilustres personalidades que estiveram na génese da independência administrativa desta

 “pitoresca aldeia dos arredores de Coimbra” -  “uma terra que Deus ajardinou para estância de repouso”,

 como referiu, qual profecia, a revista brasileira “LUSITÂNIA” de 16 de janeiro de 1931.

 Cem anos volvidos, à solenidade deste momento, importa juntar singela homenagem aos nossos antepassados - dos primórdios de que há conhecimento, desde 1527 à atualidade, pelo merecimento do amor pátrio ao torrão natal.

 O tempo é de memórias, algumas preservadas no aconchego da Casa / Museu - espaço simbólico dedicado ao progresso do Barril de Alva pelo empenho e dedicação dos seus filhos, de forma individual ou agregados a instituições de caráter regionalista, alindando-a, tornando-a aprazível, agradável à vista, conhecida e prestigiada.

 A história dos cem anos do Barril de Alva confunde-se com…

  - a  antiguidade da Quinta de Santo António,

 - o bem-fazer dos Nunes dos Santos, clã dos Freires e Joaquim Mendes Correia de  Oliveira,

 - o prestígio da sua centenária Filarmónica,

 - a solidariedade da União e Progresso do Barril de Alva (UPBA), que ocupou em 1935 o espaço embrionário da Comissão de Iniciativa e Embelezamento do Barril de Alva (CIEBA),

 - o exemplo da “Comissão para os Melhoramentos e Beneficência do Barril de Alva”, com sede em Lisboa, criada no dia 9 de abril de 1925 com a particularidade de ser composta apenas por senhoras,

 - o prestígio de uma mão cheia de barrilenses, pelo seu desempenho cívico e profissional em áreas específicas, longe das fronteiras da Serra do Açor, como atesta alguma da documentação exposta na Casa / Museu.             

 Neste dia, não posso deixar de enaltecer António Inácio Alves Correia de Oliveira, AIACO – sem a sua profícua dedicação à nobre causa que nos juntou na mesma paixão de sonhar o Barril de Alva próspero e pujante de vida não era possível alinhavar com algum rigor o que escreveu sobre as gentes da nossa terra, acentuando como nenhum outro

 ... as belezas e superioridade desta aldeia ribeirinha do Alva - Alberto Martins de Carvalho,  "A Comarca de Arganil",1934, do texto

UMA TERRA DA BEIRA”.

A finalizar, manda a consciência que recorde a composição da primeira Junta de Freguesia, eleita em 21 de setembro de 1924:

 Albano Nunes dos Santos, José Coelho Nobre, António Brito Simões, José Maria de Paiva e José Martins de Carvalho.

 Interinamente,  foi nomeado regedor Joaquim Jacinto Coelho Nobre.

Termino com respeitosa vénia aos homens e mulheres que fizeram parte dos sucessivos executivos da Junta de Freguesia do Barril de Alva, desde 1924 até aos eleitos do último quadriénio de 2009/2013, que tive a honra de liderar com a solidariedade, dedicação, competência e espírito de equipa de personagens dos meus afetos:

 - João Gouveia (secretário),

- Constantino Moura (tesoureiro), e ainda

- Armando Bernardo, que presidiu à Assembleia de Freguesia.

 Bem hajam por tudo.

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 C.A.R. 25 de julho de 2024

sábado, 13 de julho de 2024

O barril da... ponte


Ex libris do Barril de Alva

Das memórias de António Inácio Alves Correia de Oliveira -AIACO -, profundo conhecedor do passado da sua terra natal, nada consta sobre a construção da “fonte do barril” e espaço envolvente, embora seja credível a possibilidade de estar incluída no orçamento da obra de arte que junta as margens do Rio Alva (1866/1888).
A União e Progresso do Barril de Alva - UPBA - recuperou o símbolo e, em comunhão com a Câmara Municipal de Almada , “nasceu” a Praça do Barril de Alva, localizada no Laranjeiro.
A Casa / Museu “esclarece” (algumas) andanças dos filhos do Barril de Alva, com destaque na região da Almada.
Uma visita ao espaço do “aconchego de memórias”, além de didática, remete-nos para um tempo único de amor pátrio.
O melhor remédio” (Teresa Conceição, SIC) é ir ao Barril de Alva nas próximas férias.
Trata-se de um conjunto escultórico construído em mármore, este monumento contendo os símbolos de Barril D'Alva, visa sublinhar a importância do papel que a comunidade oriunda daquela zona do país tem assumido no desenvolvimento tanto da Freguesia como do Concelho. Localiza-se na Praceta com o mesmo nome
 (Junta de Freguesia Laranjeiro-Feijó)

quinta-feira, 20 de junho de 2024

A capela de Sta Maria Madalena terá sido construída no século XVI ?






Sobre a construção e dimensão das capelinhas (ermidas) do lugar do Barril pouco ou nada se sabe, apesar do “ti” Henriques, o moleiro, morador no Casal do Meio nos anos cinquenta do século passado, garantisse que a capela original do seu casal era muito pequena e feita de “barro e calhaus". Nos tempos áureos dos Grandes Armazéns do Chiado, os irmãos Nunes dos Santos mandaram demolir o pequeno edifício (no ano de…) e custearam as obras da atual capela, bem como da calçada que liga o Casal de Baixo ao Casal do Meio.
A capela do Casal Cimeiro possivelmente teria o mesmo tipo de construção.
É suposto a população do Casal de Baixo (“o coração” do Barril) ter beneficiado de uma ermida de outra dimensão e aspeto pelo facto de estar localizada a curta distância da Quinta de Santo António – a “Casa do Barril, como era conhecida a propriedade, tinha capela própria para uso dos fidalgos.
As capelinhas dos três Casais, em épocas diferentes, foram alvo de profundas alterações, incluindo os espaços envolventes.
A de S. Simão beneficiou de obras de vulto em 1819 e 1911.
A capela de Santa Maria Madalena foi reconstruída em 1934 e em 1985.
AIACO, em 1966, fez publicar no jornal “A Comarca de Arganil” (mais) uma das suas croniquetas sobre o Barril de Alva, da qual se transcreve o essencial:
- “(… ) nas obras da reconstrução da capela de Santa Maria Madalena, no Casal Cimeiro, apareceu um fragmento de uma inscrição em pedra, com a inscrição 157…, faltando o número da unidade para completar a era.
Desconhece-se se essa inscrição se referia à data da construção da referida capela, ou até uma possível reconstrução, realizada nesse ano (…) mas uma verdade é insofismável em mil quinhentos e setenta e tal, ou foi construída ou reconstruída a capela de Santa Maria Madalena. O fragmento encontrado está religiosamente guardado, para dar entrada no Museu do Bairrismo Barrilense logo que essa iniciativa se torne uma realidade no Barril de Alva”.
É sabido que o Barril “já entrava no cadastro da população de 1527 com a sua dezena de habitantes”, e "no dia 12 de junho de 1721, o prior de Vila Cova de Sub Avô, António Ferreira dos Santos, a pedido do Cabido da Sé de Coimbra, informava sobre a existência das ermidas do Barril, que eram três: S. Simão, no Casal de Baixo, Santo Aleixo, no Casal do Meio, e Santa Maria Madalena, no Casal Cimeiro (...)”.
Durante uma visita à capela de Santa Maria Madalena, tendo por guia a "guardiã do templo", Isabel do Nascimento Fernandes, foi encontrada uma pequena lápide, em mármore, alusiva à remodelação da capela no ano de 1934. Da “original” (?) nem sinal!



sexta-feira, 26 de abril de 2024

Comemorar a independência do Barril de Alva no dia 15 de julho? Já aconteceu!

 

No dia 24 de abril de 1924, como é público,  o dr. Alberto Moura Pinto, democrata e antigo ministro da 1ª República, tomou a iniciativa de propor ao Congresso da República Portuguesa a  desanexação da povoação do Barril da freguesia de Vila Cova Sub Avô,  “(…) a qual passará a constituir uma freguesia, denominada Barril de Alva (…)”.

No dia 25 de julho do mesmo ano foi publicada no Diário da República a Lei nº 1639, assinada pelo então presidente da República, Manuel Teixeira Gomes, que satisfez as pretensões do proponente, da população barrilense,  e dos  irmãos Nunes dos Santos, proprietários dos Grandes Armazéns do Chiado  que “induziram  Moura Pinto à redação do documento”,  segundo A.I.A.C.O.  durante uma conversa à mesa do café “Vira Milho” - era neste espaço comercial que, por norma, a história do Barril de Alva era tratada com o rigor do conhecimento obtido por A.I.A.C.O. em várias fontes.

No ano seguinte (1925), o primeiro aniversário da nova freguesia foi festejado no dia 15 de julho, por ter sido nessa data, em 1924, que o Senado do Congresso da República aprovou a Lei da criação da nova freguesia.

A partir de 1926, passou a comemorar-se a data da publicação no Diário da República: 25 de julho.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Cronologia da independência do Barril de Alva (I)


1.- Em 24 de abril de 1924 foi tornado público o projeto  apresentado ao Parlamento pelo Dr. Alberto Moura Pinto, deputado pelo círculo de Arganil, para que fosse criada a  freguesia do Barril de Alva.

 2.- No dia 2 de julho de 1924 o projeto da Lei foi aprovado na Câmara dos Deputados.

 3.- No dia 15 de julho de 1924 o Senado do Congresso da República aprovou a proposta de Lei nº  648, criando a nova freguesia do Barril de Alva.

 4.- A 25 de julho de 1924, o Diário da República publicou a Lei nº 1639, assinada pelo então presidente da República, Manuel Teixeira Gomes, criando a freguesia do Barril de Alva.

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A primeira Junta de Freguesia foi eleita em 21 de setembro de 1924 e era composta pelos seguintes cidadãos:

EFETIVOS
 Albano Nunes dos Santos
José Coelho Nobre
António Brito Simões
José Maria de Paiva
José Martins de Carvalho

SUPLENTES
Albano Brito Simões
Manuel Marques Correia
José Luís Marque
Francisco Correia Rijo
António Valentim dos Santos

 - Interinamente,  Joaquim Jacinto Coelho Nobre foi nomeado regedor

- No ano  seguinte, o primeiro aniversário da nova freguesia foi festejado no dia 15  de  julho por ter sido nesse dia, em 1924, que o Senado do Congresso da República aprovou a Lei da criação da nova  freguesia.

- A partir de 1926 a data histórica a ser comemorada, de forma definitiva, passou  para  o dia 25 de julho.

Criação da freguesia do Barril de Alva (II)


O projeto de Lei que determinou a criação da freguesia do Barril de Alva foi redigido e apresentado na Câmara dos Deputados pelo dr. Alberto Moura Pinto,
ministro da 1ª República

"Senhores deputados: 
- A freguesia de Vila Cova Sub-Avô, no concelho de Arganil, é uma das mais antigas do país e compôe-se de várias povoações, entre as quais figura a povoação do Barril. Tanto a povoação que faz a sede, como esta última se têm desenvolvido consideravelmente há uns anos a esta parte, mercê do esforço dos seus habitantes, que na sua maior parte procuram em Lisboa, onde constituem numerosa, ativa e honesta colónia, e no Brasil e América do Norte, angariar uma abastança com que regressem aos seus lares.
O Barril, apesar de ser o povo de constituição mais recente, atingiu tal desenvolvimento que hoje, por si só, se sente capaz de formar organismo administrativo à parte, tendo-se dotado gradualmente de todos os elementos que o impõe à consideração do Estado e da opinião pública.
Assim, e sem intervenção do Estado, construiu, a expensas da benevolência particular dos seus mais ilustres conterrâneos, casas de escola para os dois sexos, cemitério público, ampliação de uma capela transformada em igreja, conservação e melhoria dos seus caminhos, valioso comércio local,etc, elementos estes que, ao passo que foram sendo criados, lhes fizeram ganhar consciência da sua independência e um vivo desejo de a obter.
Separadas as duas povoações pelo rio Alva, às margens do qual estão fundadas, este desejo, afervorou-se a tal ponto que as duas povoações, que entre si têm laços estreitos de parentesco, começaram de não se entender e, por equívocos repetidos, se encontram hoje em aberta hostilidade, a que tudo serve de pretexto.
O natural amor pela independência, que não é contrariado sequer pela maioria dos habitantes da sede, degenerou em lamentável rixa, que inevitavelmente produzirá graves conflitos, se o Estado não acudir, separando o que a natureza das cousas não permite ter já reunido.
A índole das duas povoações é pacífica e generosa e só estes sentimentos, postos em jogo pelos dirigentes políticos de todas as matizes têm conseguido evitar desastrosas consequências, a que o orgulho e o brio de cada uma, levado a um grau de desatinada paixão, podem levar povoações desavindas.
O signatário garante ao Congresso da República que neste desejo não há nenhum intuito de pessoal ou mesquinhas política, dando-se até a circunstância de viver e ter os seus haveres na velha freguesia de Vila Cova, à qual continuará a pertencer.
O signatário está e quer estar alheio aos incidentes que as paixões mútuas fazem surgir, desejando apenas o bom nome, a prosperidade e o sossego a que os seus conterrâneos têm direito, pela vida honrada que sempre levaram.
A apresentação do presente projecto é, pois, somente inspirada no propósito de justiça, na verificação de um facto de ordem social que tem o seu determinismo e a que é absurdo opor obstáculos: a povoação do Barril atingiu a sua maioridade e a de Vila Cova não carece de ela para a sua vida, e só a independência administrativa garantirá a boa ordem, a calma nos espíritos e o regresso aos bons tempos de harmonia.
Pelos documentos juntos prova-se a razão do pedido. E porque as duas povoações, à beira do Alva, desejam tomar como apelido o nome do seu rio, o que as distinguirá de outras terras, com a sua denominação, submeto à apreciação de vv.exªs, o projeto que se segue, em que se faz a criação da freguesia do Barril e se satisfaz esta última aparição".

PROJETO DE LEI

Artº 1º - É desanexada da freguesia de Vila Cova Sub-Avô, concelho de Arganil, a povoação do Barril, a qual passará a constituir uma freguesia, denominada Barril de Alva, ficando as duas freguesias delimitadas entre si pelo rio Alva, afluente do Mondego.

Artº 2º - A freguesia de Vila Cova Sub-Avô passará a denominar-se Vila Cova de Alva.

Artº 3º - Fica revogada a legislação em contrário.

Alberto Moura Pinto - promotor da independência do Barril de Alva (III)



Alberto Moura Pinto nasce em Coimbra, no dia 4 de Abril de 1883, registado como o nome de Alberto Marques. Cursa Direito na Universidade de Coimbra. No período monárquico desempenha o cargo de Administrador Régio do Concelho de Arganil e de Procurador Régio, em Miranda do Douro e São João da Madeira. Mação, está inscrito na Loja Tenacidade, de Coimbra, com o nome de Passos Manuel. Em 1910, participa nas movimentações para a implantação da República, cooperando na Junta Revolucionária de Coimbra. Como deputado, integra as Constituintes de 1911, representando o Círculo de Arganil e cumpre mandatos sucessivos na Assembleia, pelo Partido Unionista, envolvendo-se numa célebre polémica com Veiga Simões, tendo, como pano de fundo, a ida do caminho-de-ferro para Arganil. Com a ascensão de Sidónio Pais, Moura Pinto exerce o cargo de Ministro da Justiça, entre 11 de Fevereiro de 1917 e 7 de Março de 1918. É responsável pela alteração da Lei da Separação entre a Igreja e o Estado.
Em desacordo com a ditadura militar, participa na rebelião de Junho de 1930, tendo sido preso e deportado para os Açores. No ano seguinte, aproveitando a possibilidade de fuga durante a Revolta de 1931, parte para Espanha onde, com Jaime de Morais e Jaime Cortesão, formam o “Grupo de Madrid”, alcunhados de “Budas”.
Em 1934, uma mudança política em Espanha coloca a direita no poder; os socialistas projetam um golpe, com o auxílio dos exilados portugueses e das armas que, até então, lhes eram fornecidas com o beneplácito do regime deposto. Descoberta a trama, Moura Pinto é enviado para a Prisão Modelo, em Madrid, entre 1934 e 1935. Em 1936, com a vitória da Frente Popular, seguida do golpe de Franco e da Guerra Civil, os Budas declaram a sua fidelidade à República de Espanha, participando na luta contra Franco. O grupo acompanha a mudança do governo republicano para Barcelona, de onde Moura Pinto é transferido para a França; aí atua em prol dos republicanos, buscando auxílio para o Plano Lusitânia, que pretendia organizar uma invasão de Portugal pelos resistentes portugueses para acabar com o regime de Salazar e sua colaboração com o franquismo. O avanço das tropas franquistas põe fim ao intento dos exilados lusos.
Em 1939, Moura Pinto é obrigado a buscar refúgio no Brasil, na iminência de ser deportado para Portugal, depois de ter sido preso em território francês por estar irregular no país. Com a chegada ao Brasil de Cortesão e Morais, prossegue a sua atividade como oposicionista, integrando o Comité Português Anti-Fascista, criado no Rio de Janeiro em 1945. Neste período, retoma os contactos com os republicanos espanhóis exilados, nomeadamente com o sector galego, comandado por Castelão, a quem os “Budas” entregam uma credencial para que ele possa representar os exilados portugueses na Assembleia das Nações Unidas. Estabelece contactos como o Movimento de Unidade Democrática, fazendo publicar, em jornais brasileiros, diversos textos contra o regime de Salazar. Durante a campanha de Norton de Matos é o encarregado da angariação de fundos junto dos anti-salazaristas a residir naquele país. Na década de cinquenta, Moura Pinto participa nos debates sobre o problema colonial e o posicionamento de Portugal na questão da Goa. Regressa a Portugal em 1957. Com Jaime Cortesão, antigo companheiro de exílio, apoia com relutância a candidatura de Humberto Delgado.
Falece em 9 de Março de 1960.